Senado convida ex-presidente uruguaio Pepe Mujica para explicar confissão de Lula sobre o Mensalão

pepe_mujica_03Hora da verdade – Nesta quarta-feira (3), a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou o convite para que o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, dê detalhes sobre a confissão feita pelo ex-presidente Lula de que teve de “lidar com muitas coisas imorais e chantagens” durante o primeiro mandato de seu governo.

De acordo com a oposição, a fala do petista é a admissão de como o governo se envolveu no escândalo do Mensalão do PT, o maior esquema de corrupção do primeiro mandato petista e que acabou levando a cúpula do partido para a cadeia.

Em votação simbólica também foi aprovado pedido para que o ex-vice-presidente uruguaio, Danilo Astori, explique o caso. Pelo fato de serem convites, nenhum dos dois tem obrigação de comparecer à comissão.

A confissão do ex-presidente Lula sobre o esquema do Mensalão do PT aparece no livro “Una Oveja Negra al Poder”, escrito pelos jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz com depoimentos de Mujica. Na publicação, o ex-presidente do Uruguai relata que, em 2010, ao conversarem sobre o escândalo do Mensalão, o petista teria dito que aquela era “a única forma de governar o Brasil”.

“Lula não é um corrupto como [Fernando] Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros”, afirmou o ex-presidente uruguaio no livro, “mas viveu esse episódio [do Mensalão] com angústia e um pouco de culpa”.

Ainda segundo a publicação, o ex-vice-presidente uruguaio também teria presenciado a declaração do petista e, por isso, o nome dele foi incluído no requerimento aprovado nesta quarta-feira na Comissão de Relações Exteriores.

“Já que o ex-presidente é um grande defensor da ética, da moralidade e diz que político algum pode se envolver com dinheiro porque seria a deformação do quadro político, quero saber se essa análise dele exclui o presidente Lula e o PT”, ressaltou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), autor do requerimento para ouvir Mujica.

Porém, no início do mês passado, o ex-presidente do Uruguai disse que, mesmo que o Senado aprovasse o convite para que ele depusesse, ele não viria ao Brasil dar explicações sobre a confissão de Lula. (Por Danielle Cabral Távora)

apoio_04