Papa Francisco nomeia o primeiro auditor-geral da história da Santa Sé

vaticano_05Fé e coragem – O Vaticano anunciou nesta sexta-feira (5) o nome do primeiro auditor-geral de sua história. A nomeação do italiano Libero Milone, de 66 anos, é a mais recente medida adotada pelo papa Francisco em prol de maior transparência nas finanças da Santa Sé, marcada por escândalos nos últimos anos.

Francisco fez da moralização financeira da Igreja Católica uma das prioridades de seu papado. De acordo com o cardeal George Pell, chefe do departamento de economia da Santa Sé, o auditor-geral terá autorização para “ir a qualquer lugar” do Vaticano, com liberdade para analisar as finanças e a administração de qualquer setor. Ele responderá diretamente ao pontífice.

Milone foi presidente e diretor-executivo da filial italiana da empresa global de auditoria Deloitte. Ele tem experiência como contador de grandes empresas no Reino Unido, Itália e Estados Unidos. Ele também trabalhou como auditor para agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e para empresas italianas de ponta como Fiat e Wind.

Na última quinta-feira, o papa pediu aos cristãos que “se protejam do risco da corrupção” e que não deixem sua dignidade se diluir para não se tornarem “medíocres e insípidos”.

O “Istituto per le Opere di Religione” (Instituto para Obras de Religião), conhecido no mundo da lavagem de capitais como Banco do Vaticano, imerso em vários escândalos no passado, colocou em vigor uma iniciativa abrangente para fortalecer a governança financeira e eliminar os abusos. O IOR endureceu padrões regulatórios e fechou milhares de contas inativas ou que não respeitavam as novas regras.

Briga de leões

Entre o desejo do papa Francisco de promover uma assepsia no Banco do Vaticano e conseguir eliminar os marginais que frequentam a Santa Sé há uma enorme distância.

O argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa, sabe com quem está lidando, a ponto de continuar morando na Casa Santa Marta, ao lado do Vaticano, inclusive fazendo suas refeições junto com os funcionários locais.

O papa está ciente de que é visto como um insurrecto pelas quadrilhas que vivem escondidas no Vaticano debaixo de batinas supostamente puras, mas ligadas a organizações criminosas e a traficantes internacionais, por isso toma precauções redobradas.

Não se pode esquecer que o italiano Albino Luciani, o papa João Paulo I, foi assassinado (envenenamento) por ter iniciado uma devassa no IOR. Na sequência, o polonês Karol Józef Wojtyła, o papa João Paulo II, foi alvo de um atentado na Praça São Pedro, ação protagonizada pelo criminoso turco Mehmet Ali Agca. A tentativa de assassinar João Paulo II foi motivada pelo pente fino que o papa tentou passar no Banco do Vaticano.

Mais recentemente, o alemão Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, renunciou ao papado em meio a um enorme escândalo na instituição financeira da Santa Sé. (Com agências internacionais)

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