Richa nega acusações de corrupção, mas esquema do “envelope no banheiro” pode derrubar o governo

beto_richa_12Sol quadrado – Demorou, mas acabou acontecendo, apesar da negativa dos envolvidos no escândalo. Primo distante do governador do Paraná, Carlos Alberto Richa (PSDB), o empresário londrinense Luiz Abi Antoun entregou-se à polícia por volta das 22 horas de quinta-feira (11), após passar dias como foragido da Justiça.

Abi é acusado de participar de um esquema de corrupção na Receita paranaense, que, segundo as investigações, teria alimentado o caixa da campanha de Richa à reeleição. Não é de hoje que Luiz Abi é conhecido como um dos homens fortes de Beto Richa. O governador alega que Antoun é um parente distante, mas sua atuação vem de longa data, desde quando o agora preso foi assessor parlamentar de Richa, o que se repetiu na prefeitura de Curitiba.

Abi foi investigado na Operação Publicano, que apura esquema de corrupção e sonegação fiscal na receita do Paraná, sendo que a Justiça expediu 68 mandados de prisão. Auditores fiscais são suspeitos de cobrar propina de empresários para abater ou anular dívidas, sendo que parte do montante acabou ajudando na reeleição de Richa.

Há muito que o governo de Beto Richa vem sofrendo com acusações de corrupção. O primeiro grande escândalo surgiu no rastro das denúncias feitas por uma empresária do setor de transporte de veículos, que disse ter pago propina a integrantes do governo para conseguir um contrato com a montadora Renault, localizada em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.

Luiz Abi, que já ameaçou processar o editor do UCHO.INFO por causa de matéria sobre os radares da capital paranaense, quando Richa era prefeito, também foi investigado na Operação Voldemort, que apura fraude em licitação para manutenção de veículos oficiais do governo estadual.

Desde as primeiras denúncias de corrupção, o governador tem negado qualquer envolvimento no caso, mas o tucano tinha conhecimento do que acontecia na estrutura do governo.

O editor do site conversou com alguns empresários que aceitaram pagar propina para conseguir negócios no Paraná, sendo que alguns, arrependidos, pensam em revelar detalhes do esquema. Um dos nossos interlocutores esmiuçou como funcionava a cobrança e o pagamento da propina exigida por pessoa próxima ao governador.

De acordo com o nosso entrevistado, os acertos normalmente ocorriam em determinada secretária do governo, sempre com um servidor graduado e de confiança de Beto Richa. Não se pode afirmar que o governador sabia do esquema criminoso, mas qualquer governante sério desconfiaria da meteórica evolução patrimonial de alguns assessores.

Um desses estafetas marginais criou uma forma dantesca de receber o dinheiro sujo da corrupção, sem que, em tese, fosse descoberto. Os acertos ocorriam em seu gabinete, no último andar do prédio onde funciona a secretaria, mas o dinheiro era colocado em um envelope, sempre deixado em local previamente combinado em banheiro do edifício. O servidor despedia-se do corruptor passivo e na sequência saía em busca do envelope.

Um dos nossos entrevistados disse que está avaliando com advogados a possibilidade de revelar o modus operandi à Justiça. Se isso acontecer, não apenas o governador Richa ficará em péssima situação, mas alguns políticos que até recentemente eram considerados ilibados. O editor sabe quem são esses marginais e espera a delação para revelar os nomes.

Comenta-se nos bastidores da política paranaense que um dos envolvidos, que vivia esmolando quireras para sobreviver, tem nos dias atuais patrimônio próximo de R$ 5 milhões, milagre que só foi possível depois de sua nomeação para dois cargos de confiança na estrutura do governo. Em uma das situações, o amigo de Richa assumiu uma secretaria de Estado.

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