À beira do calote, Grécia apresenta proposta desesperada e de última hora

alexis_tsipras_14Fio da navalha – A Grécia tem até a meia-noite desta terça-feira (30) para pagar 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Caso não honre a dívida, o país não mais terá acesso ao programa de resgate da troika, formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI.

“A Grécia anunciou que não irá pagar o FMI, o que elimina qualquer pagamento futuro por parte da instituição ao país”, afirmou o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schläuble, na noite de segunda-feira. O FMI não quis comentar o caso, mas espera-se que consequências imediatas venham a pesar sobre o governo de Atenas.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, eleito na esteira de promessas populistas e impossíveis de serem cumpridas, confirmou em entrevista concedida na noite de segunda-feira que o pagamento dificilmente será efetuado, a não ser que os credores proponham um novo acordo. Nesta terça-feira, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, confirmou que o país não pagará o FMI no prazo.

Em razão do iminente calote da dívida por parte de Atenas, a Europa tenta convencer a população grega a votar no “sim” ao pacote de reformas econômicas sugeridas pelos credores, no referendo marcado pelo governo para o próximo domingo (5). O referendo, como já afirmou o UCHO.INFO, é uma estratégia rasteira e com essência para que o governo de Tsipras não seja culpado pelo desastre econômico que pode varrer a Grécia da União Europeia.

Ao convocar o referendo, Tsipras irritou seus parceiros europeus, e as negociações como os ministros das Finanças da zona do euro fracassaram.

“Um ‘não’ significaria que a Grécia disse não à Europa”, afirmou na segunda-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sobre a consulta popular, que pode produzir um resultado semelhante ao que despejou o então premiê Georges Papandreou do cargo, em novembro de 2011.

A chanceler alemã Angela Merkel assegurou que não recusará futuras negociações. “Se alguém quiser manter conversações conosco, estaremos abertos para conversar”, afirmou a chefe do governo da Alemanha. Tsipras, durante a entrevista da segunda-feira, disse que “o objetivo de referendo é a continuação das negociações”.

“Beco sem saída”

Tendo em vista o término do prazo do programa de resgate, Juncker declarou que “não queremos terminar em um beco sem saída, mas, o tempo está se esgotando”.

O pedido de Tsipras por uma prorrogação de curto prazo do programa de resgate foi negado pelos chefes de Estado da UE. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ressaltou que a Grécia pode ainda entrar com um novo pedido de ajuda, mas, como explicou o ministro alemão Schläuble, as negociações teriam de começar do zero.

Na Grécia, os bancos e o mercado de ações permanecerão fechados até a próxima segunda-feira (6). Nesta terça-feira foram liberados saques diários de até 60 euros – restrição que não se aplica aos cartões de bancos estrangeiros.

As agências de classificação de risco rebaixaram a nota da Grécia para CCC-, que corresponde ao estágio que antecede a falência estatal. No início da semana, o acirramento da crise na Grécia afetou mercados financeiros em todo o mundo. (Com agências internacionais)

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