Diante da crise política que devasta o governo Dilma, Gleisi e Aloysio Nunes batem boca em plenário

gleisi_hoffmann_94Fundo de quintal – Ex-ministra-chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff e senadora pelo Paraná, Gleisi Helena Hoffmann acusou o PSDB de adotar uma postura “golpista” e de “criar um clima” para desestabilizar a gestão petista.

Presente durante a fala da colega de Parlamento, o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho (SP) reagiu: “Eu sou um senador da oposição. Você chamou a oposição de golpista. Estou contestando”. Logo em seguida a petista rebateu: “Não lhe chamei de golpista. Vossa excelência vestiu a carapuça”.

A senadora paranaense também criticou o tom adotado em convenção nacional do maior partido da oposição ao governo do PT. No domingo (5), o senador Aécio Neves (MG) afirmou que o PSDB terá “coragem para fazer o que tem que ser feito” e que deve se preparar para “ser governo” em breve, em alusão a uma eventual saída de Dilma antes do fim de seu mandato, em 2018.

‘Quer se criar um clima de que tudo está ruim, de que a presidenta não tem mais credibilidade. Não estou dizendo que o país está uma beleza. Eu subo a essa tribuna para dizer que esse país não é a feiura que vossas excelências pintam”, discursou a petista.

Gleisi teve o apoio do vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO). “Cadê o fato consumado para afastar a presidente da República e o vice? Não tem”, endossou o peemedebista.

Na tribuna, logo depois, Aloysio Nunes rebateu as críticas e comparou o governo do PT a uma “bananeira que já deu cacho, não tem mais o que sair de bom”. “Não desejo o fim do governo da presidente. Quero ganhar deles no voto, em 2018. Mas se acontecer algo antes, no sentido de interromper o mandato, estaremos em condição de fazer uma transição tranquila e assumir as rédeas”, completou.

Os tucanos temem ser acusados de golpistas, entretanto optaram, durante a convenção do partido, por uma postura agressiva para não repetir o que avalia ser um erro do passado, quando, em meio ao escândalo do Mensalão do PT, em 2005, a sigla resistiu à pressão para encampar o pedido de impeachment do então presidente Luiz Lula da Silva. A tese tucana de então era de manter a governabilidade, com a falsa certeza de que Lula seria derrotado em 2006, o que não aconteceu.

Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a tese de que os tucanos estarão, “a depender das circunstâncias, prontos para assumir o que vier pela frente”. Segundo FHC, o País perdeu o rumo. “O PT quebrou o Brasil”, destacou o ex-presidente da República.

Apesar do tom, os tucanos insistiam em dizer que qualquer desfecho se daria “dentro da lei”. “Não cabe ao PSDB antecipar a saída de presidente da República. Não somos golpistas”, afirmou Aécio.

As especulações sobre um fim antecipado do mandato de Dilma motivaram a presidente a convocar, para o final da tarde desta segunda-feira (6), uma reunião de emergência com presidentes de partidos aliados e líderes da base no Congresso Nacional. Nas palavras de um aliado, Dilma quer acalmar a base e pedir que os parlamentares a defendam no Congresso “diante desse clima de impeachment”.

A grande questão envolvendo esse imbróglio que tomou conta do plenário do Senado Federal é que Gleisi, atolada no escândalo do Petrolão, não tem moral para defender o corrupto e descontrolado governo da companheira Dilma, assim como o PSDB não tem currículo para fazer oposição ao Palácio do Planalto. Ou seja, Gleisi e Aloysio Nunes perderam a chance de pegar carona no silêncio obsequioso. Sem contar que Aécio Neves é pífio como líder oposicionista. (Danielle Cabral Távora)

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