Após demissões por telegrama, 5 mil metalúrgicos da GM entram em greve no Vale do Paraíba

general_motors_02Cartão vermelho – Nesta segunda-feira (10), cinco mil metalúrgicos entraram em greve após votação ocorrida nas primeiras horas manhã. A maioria dos funcionários votou pela greve geral como alternativa para pressionar a empresa a rever as centenas de demissões realizadas no último sábado. Assim, o complexo industrial da General Motors em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, está com a produção totalmente paralisada.

Os grevistas esperam que a montadora reverta as demissões e garanta estabilidade nos empregos. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, no último sábado (8) mais de 250 trabalhadores receberam telegramas informando a dispensa sem justa causa.

Também participaram da reunião os trabalhadores do primeiro turno, os metalúrgicos que estavam em lay-off desde março e os funcionários ora demitidos. No acordo feito entre sindicato e GM, os trabalhadores que estão retornando do lay-off terão três meses de estabilidade. Ainda segundo a entidade, as demissões foram feitas com funcionários que estavam trabalhando.

A votação pela greve não foi unânime como esperava o sindicato, sendo que sindicalistas bloquearam as entradas do complexo e enfatizaram que tentativas de furar a greve teriam represálias.

Uma entrevista com a direção da empresa, que estava agendada para o fim da assembleia, foi cancelada após os sindicalistas hostilizarem supervisores que estavam dentro da fábrica. Com medo de represálias por parte da empresa, os trabalhadores entrevistados não permitiram ser identificados.

Um dos metalúrgicos da linha de montagem do modelo S10 da GM revelou que, na última sexta-feira (7), a linha que produz um carro por hora, produziu três carros por hora e que ninguém foi comunicado do motivo do aumento de produção. “Em meu setor trabalhavam 22 pessoas, 11 foram dispensadas por telegrama. Não imagino como vai funcionar a linha sem eles, até para revezamento é complicado agora”, afirmou.

Os funcionários que retornaram ao trabalho nesta segunda, apesar de não terem conseguido entrar, comemoraram. “Fico feliz por retornar, mas estou vivendo uma expectativa horrível, pois nunca sei até quando estarei empregado. Isso não é vida”, desabafou um montador.

Apesar de muitos metalúrgicos se posicionarem contra as demissões, alguns entendem que o momento não seria pela paralisação da produção. “Trabalho aqui há 18 anos, infelizmente essa situação não é culpa da GM, basta ver como está o País”, disse um engenheiro industrial.

Uma assembleia será realizada nesta terça-feira para decidir o rumo da greve. “Não podemos admitir que a empresa faça isso com os trabalhadores, isso é um absurdo”, afirmou Antônio Ferreira de Barros, presidente sindical.

A GM de São José dos Campos não informou o número de demitidos e justificou que os desligamentos são reflexo da queda de aproximadamente 30% na venda de veículos nos últimos vinte meses.

A empresa, que já chegou a ter mais de 8 mil funcionários, reduziu o quadro para menos de 5 mil, após as últimas demissões. No complexo, são produzidos os modelos S10 e Trailblazer, além de motores, transmissão e kits para exportação (CKD).

O Sindicato dos Metalúrgicos espera que a presidente Dilma Rousseff intervenha contra as demissões na indústria automobilística, o que dificilmente ocorrerá diante de uma crise econômica que cresce de maneira assustadora e insistente. (Danielle Cabral Távora)

apoio_04