Governo não pagará adiantamento do 13º a aposentados; desde 2006 pagamento era feito em agosto

dinheiro_113Jogando a toalha – Com mais uma demonstração de desprezo pelos aposentados brasileiros e a dois dias das manifestações programadas para todo o País contra Dilma Rousseff, o governo decidiu que não pagará em agosto o adiantamento do 13º salário dos beneficiários do INSS. Uma fonte do Ministério da Fazenda confirmou que a decisão já foi tomada.

O pagamento no mês de agosto de 50% do abono pago aos beneficiários da Previdência Social não é obrigatório, entretanto, o governo vinha adotando essa prática de fazer o adiantamento desde 2006. Em 2014, um decreto assinado pela presidente Dilma permitiu que os repasses fossem feitos entre 25 de agosto e 5 de setembro. O valor foi creditado junto com o pagamento dos benefícios mensais.

Conforme um auxiliar do ministro Joaquim Levy, a pasta tenta encontrar uma solução para o problema até o fim do mês, porém ainda não há previsão de nova data para o pagamento, e nem se será feito. O Ministério da Previdência Social não confirma a informação e ressalta que o assunto está sendo tratado pelo Ministério da Fazenda. Oficialmente, a Fazenda ainda não anunciou a decisão.

Prejudicada por causa do baixo rendimento e da piora do mercado de trabalho, a poupança deve receber mais um duro golpe em agosto, visto que os depósitos que ainda são feitos na caderneta nos últimos tempos têm vindo justamente da parcela de recursos extras de trabalhadores e aposentados. Tanto que o grosso das aplicações tem sido concentrada no último dia de cada mês, quando muitas baixas automáticas são realizadas.

Oficializado esse não pagamento, aumenta a chance de, com menos sobra ainda de recursos, a poupança sofrer mais este baque. Desde o começo de 2015, os resgates têm superado as aplicações. De janeiro a julho deste ano, os saques já superam os depósitos em R$ 41 bilhões. A falta desses recursos atingiu diretamente duas áreas importantes de crédito para o País: o imobiliário e a agricultura.

Desta forma, no final de maio o governo apresentou uma complexa engenharia financeira para tentar prover funding a essas operações. O resultado revelado até agora por meio de dados do Banco Central é positivo e mostra que a ação ajudou no redirecionamento dos recursos. Entretanto, a escassez nessa aplicação é de infraestrutura e segue como um problema ainda a ser resolvido pelo governo.

Tradicionalmente, agosto é mais fraco para a poupança na comparação com mês anterior. Julho é um período em que muitos trabalhadores tiram férias e podem receber adiantamento do 13º salário, além dos demais benefícios. Há, portanto, mais chances de sobra dos rendimentos para investimento. Com a situação crítica da caderneta, o quadro tende a piorar. Em julho, o volume de resgates foi R$ 2,5 bilhões maior do que o de aplicações. Nos primeiros 10 dias deste mês, o resultado já está negativo em R$ 2,3 bilhões. (Danielle Cabral Távora)

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