Para FHC, brasileiros enxergam governo Dilma como “ilegítimo” e renúncia seria ato de grandeza

fhc_17Corda bamba – Nesta segunda-feira (17), apenas um dia após as manifestações em todo Brasil contra o governo de Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) saiu do ostracismo. FHC deu seu mais duro recado ao governo da petista e ao PT, confirmando tese defendida há muito pelo UCHO.INFO: de que a renúncia da presidente da República seria um ato de grandeza.

Em texto publicado em sua página em uma rede social, o tucano destacou que “mais significativo das demonstrações”, como a de ontem [domingo] é a persistência do sentimento popular de que o governo, “embora legal, é ilegítimo”.

Fernando Henrique ainda ressaltou que a petista precisa ter “um gesto de grandeza” e cita a renúncia como um dos caminhos disponíveis a Dilma. “Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo”, afirmou o FHC.

O tucano declarou que falta ao atual governo a “base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo”. “Com a metáfora do boneco vestido de presidiário, a presidente, mesmo que pessoalmente possa se salvaguardar, sofre contaminação dos malfeitos de seu patrono e vai perdendo condições de governar”.

Ao final, o ex-presidente afirmou que sem um “mea culpa” ou renúncia, a situação se agravará “a golpes de Lava-Jato”. E o tucano concluiu: “Até que algum líder com força moral diga, como o fez Ulysses Guimarães a Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais.”

Os atos de domingo ocorreram em todos os estados da federação e no Distrito Federal. Somente em São Paulo, 135 mil pessoas, aproximadamente, foram à Avenida Paulista, de acordo com levantamento feito pelo Datafolha, que insiste em fazer as vontades do governo e ignorar o real número de participantes das manifestações. No protesto de 12 de abril, a estimativa do instituto foi de 100 mil pessoas presentes na principal avenida da capital dos paulistas. Já a Polícia Militar estimou o público da manifestação de domingo, na cidade de São Paulo, em 350 mil. Na manifestação de abril, a estimativa da PM era de 275 mil pessoas e, na de março, de 1 milhão.

Dentre manifestantes que compareceram ao ato na Avenida Paulista, 85% acreditam que a presidente da República deveria renunciar ao cargo, de acordo com pesquisa do Datafolha.

Com a reprovação de 71% – a maior desde o início da série histórica do Datafolha, em 1992, sob o governo Fernando Collor -, a presidente é ainda mais rejeitada pelos que compareceram ao ato paulistano. Ao todo, 95% acham que o governo da petista é ruim ou péssimo, 4% o consideram regular e 1%, bom ou ótimo. O índice de desaprovação de Dilma na Pauliceia Desvairada é superior ao do alcaide paulistano, Fernando Haddad (PT), que caiu em desgraça junto à opinião pública da maior cidade brasileira. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

Leia a íntegra da nota de FHC:

“O mais significativo das demonstrações, como as de ontem, é a persistência do sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo. Falta-lhe a base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo. Com a metáfora do boneco vestido de presidiário, a Presidente, mesmo que pessoalmente possa se salvaguardar, sofre contaminação dos malfeitos de seu patrono e vai perdendo condições de governar. A esta altura, os conchavos de cúpula só aumentam a reação popular negativa e não devolvem legitimidade ao governo, isto é, a aceitação de seu direito de mandar, de conduzir. Se a própria Presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lavajato. Até que algum líder com forca moral diga, como o fez Ulysses Guimarães ao Collor: você pensa que é presidente, mas já não é mais.”

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