Agripino diz que momento atual mostra que o Brasil não é uma ‘republiqueta’; afirmação é dúbia

jose_agripino_19Discurso lapidado – Durante a sabatina do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, nesta quarta-feira (26), na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), o senador José Agripino Maia afirmou que, apesar de o Brasil estar passando por um momento político e econômico crítico, as instituições públicas estão sendo fortalecidas.

“As longas audiências e sabatinas que temos feito na CCJ devem-se às circunstâncias que o país vive: uma crise econômica e política singular e uma crise moral inédita em que a Presidência da República exerce protagonismo essencial”, ressaltou José Agripino. “O momento atual mostra que as instituições do Brasil estão funcionando. Não somos uma ‘repuliqueta’. Somos uma democracia madura à altura de suas circunstâncias e desafios”, acrescentou.

O senador, presidente do Democratas, ressaltou que as recentes manifestações nas ruas do País contra a corrupção instalada no governo Dilma Rousseff demonstram a esperança do povo brasileiro na punição dos envolvidos em casos de desvio de dinheiro público.

“Como políticos, ainda mais sendo de um partido de oposição, temos a obrigação de ir às ruas ouvir e interpretar o sentimento das pessoas. As manifestações em que estive percebi claramente, conversando com o povo, que entidades como a PGR, o Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal e a Justiça Federal possuem credibilidade”, frisou.

Em meio à turbulência política causada pela Operação Lava-Jato, Janot teve seu nome indicado pela presidente Dilma, contrariando alguns políticos acusados de receber propina do esquema criminoso implantado dentro da Petrobras. Para ser reconduzido, o PGR precisa ter seu nome aprovado pela CCJ e depois passar pelo crivo do plenário do Senado, com pelo menos 41 votos.

O mandato do atual procurador-geral da República encerra no dia 17 de setembro. Se reconduzido, terá mais dois anos à frente da PGR. Rodrigo Janot é responsável por inquéritos abertos contra políticos com foro privilegiado na Operação Lava-Jato.

Agripino, assim como qualquer cidadão brasileiro, tem o direito constitucional de manifestar livremente o próprio pensamento, mas não há como defender a tese de que o Brasil não é uma republiqueta. Se não o é, como afirma o presidente nacional do Democratas, se deve à extensão territorial que se assemelha a de um continente. O Brasil vive, não é de hoje, um período de degradação moral, situação que emerge do oceano de desmandos que circunda a política nacional.

O Brasil deixará de ser considerado uma republiqueta quando investigações não forem duramente condenadas por políticos investigados, sejam da oposição ou da situação. Ademais, como comenta-se sob voz corrente no centro do poder, no Congresso Nacional o mais inocente é deputado federal ou senador. Quem conhece os bastidores da política verde-loura sabe que o Parlamento é um misto de balcão de negócios com usina de esquemas. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

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