Decisão da Comissão de Ética sobre ministro da Justiça mostra que órgão perdeu a função

jose_eduardo_40Ação entre amigos – No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff garantiu, no discurso de abertura da 70ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que o seu governo não tolera e não tolerará a corrupção, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu, em reunião a portas fechadas, arquivar denúncia de infração ética contra o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que reuniu-se, sem registro na agenda oficial, com advogados de pessoas e empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato.

O evento foi um dos muitos escárnios do governo do PT, partido que nos tempos de oposição promovia ruidosas algazarras para condenar infrações cometidas pelos então ocupantes do poder. Passado o tempo, com o PT instalado no governo central, os “companheiros” preferiram rasgar o discurso do passado e moldar o palavrório de acordo com os interesse bandoleiros da legenda, responsável pelo período mais corrupto da história brasileira.

Para o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), autor da denúncia, a decisão da Comissão de Ética Pública fere de morte o discurso embusteiro da presidente República e mostra que o governo do PT não tem coragem sequer de advertir integrantes de sua equipe.

“Em nossa visão, o ministro não deveria sequer se reunir com os advogados das empreiteiras. Poderia, ao invés disso, recomendar que eles procurassem os delegados, procuradores e o juiz responsável pela operação. Qual a intenção dos advogados em procurar Cardozo? Interferir no andamento da operação? Como os encontros sequer ficaram registrados na agenda, ficou a dúvida. Trata-se de um caso que merecia, no mínimo, uma advertência”, avaliou o líder do PPS.

Para Rubens Bueno, ao longo dos últimos anos, principalmente após o ex-ministro Sepúlveda Pertence sair da presidência, em 2012, contrariado com Dilma, a Comissão de Ética vem perdendo a sua função. “Lembro que na época de Sepúlveda o conselho agia. Chegou a recomendar a demissão do então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, por causa de denúncias de irregularidades em convênios da pasta com ONGs. Também advertiu o então ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, devido às consultorias feitas por ele entre 2009 e 2010 para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Hoje, lamentavelmente, quase tudo é rejeitado e arquivado. Para que serve então?”, indaga o deputado.

Ministro da Justiça apenas porque atuou como um dos “três porquinhos” da primeira campanha de Dilma Rousseff, o “companheiro” Cardozo não passa de um despachante de luxo do Palácio do Planalto para questões que atingem o desgoverno petista, cada vez mais refém de uma crise múltipla e sem previsão de acabar.

Sem estofo acadêmico para ser ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo continua flanando no discurso dúbio e dual. Em tempos outros, afirmou que o PT precisava admitir a existência do escândalo do Mensalão, como forma de o partido selar as pazes com a parcela indignada da sociedade brasileira. Mais tarde, ainda no âmbito do Mensalão do PT, semanas antes de o Supremo Tribunal Federa sentenciar os réus da Ação Penal 470, Cardozo disse que preferia morrer a cumprir pena de prisão em qualquer estabelecimento penal do País.

Deixando de lado os discursos de encomenda que dominam a Esplanada dos Ministérios, o titular da Justiça deveria se imbuir de coragem e falar sobre os bastidores que envolvem Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil e pessoa de confiança da presidente da República.

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