Gleisi reuniu-se com empreiteiros da Lava-Jato na Casa Civil, o “Templo da Perdição” da petista

gleisi_hoffmann_82Roteiro bandido – A Casa Civil de Dilma Rousseff, no tempo em que a “companheira” Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) ocupava a pasta (2011-2014), tinha de tudo um pouco: um pedófilo encarregado de tomar contas das crianças e reuniões coletivas entre a ministra e empreiteiros presos por envolvimento em esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Esses empreiteiros, coincidência ou não, também eram generosos doadores das campanhas da própria Gleisi. A Casa Civil era uma espécie de “Templo da Perdição”. A diferença é que o clássico de Steven Spielberg era uma obra de ficção, ao passo que os horrores da Casa Civil eram reais.

O pedófilo que cuidava de crianças é Eduardo Gaievski, conhecido como o “Monstro da Casa Civil” e preso em 2013. Gaievski foi nomeado por Gleisi, em 2012, para cuidar das políticas do governo federal para crianças e adolescentes. Ou seja, a raposa tomando conta do galinheiro. Atualmente, Gaievski está preso e já foi condenado, por duas dezenas de estupros cometidos contra meninas menores, a mais de 100 anos de prisão.

As reuniões profanas com empreiteiras que têm seus presidentes, diretores e donos presos na esteira da Lava-Jato apareceram na análise dos e-mails apreendidos pela Polícia Federal na Odebrecht, empreiteira que tem como principal lobista o ex-metalúrgico Lula. O nome da senadora aparece em uma troca de mensagens entre executivos da empresa. São convidados pela Casa Civil para reunião na qual estariam presentes representantes de outras quatro empresas investigadas na operação da PF. As informações sobre os e-mails foram levantadas pelo jornal Gazeta do Povo.

Na troca de e-mails, a secretária do presidente da Odebrecht informa que Marcelo Bahia Odebrecht, preso em Curitiba há quase quatro meses, teria sido convidado para uma reunião no dia 10 de abril de 2013. “Ligaram da Casa Civil [Min. Gleisi] lhe convidando para uma reunião no dia 10/04, quarta-feira, às 9h00. Assunto: seguro de obras, concessões e similares”, destaca um trecho do e-mail enviado à Marcelo Odebrecht.

De acordo com o e-mail, também foram convidados para a reunião os presidentes da Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez – todas empresas investigadas na Operação Lava-Jato por suspeita de formação de cartel para concorrer a obras públicas do governo petista, o criminoso “Clube do Bilhão”.

Em resposta, Marcelo Odebrecht pede que a secretária verifique se o executivo Benedicto Barbosa da Silva Junior pode ir em seu lugar. Segundo o presidente da empreiteira, “Ele mesmo [Benedicto] fala na Casa Civil”. Barbosa afirma que se organizaria para participar do encontro.

Marcelo Odebrecht está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, desde junho desse ano, quando a PF deflagrou a Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava-Jato. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por participar do esquema de corrupção investigado pela PF e pelo Ministério Público Federal a partir de denúncias feitas pelo editor do UCHO.INFO e pelo empresário Hermes Freitas Magnus.

Essa não é a primeira vez que o nome da senadora Gleisi Hoffmann aparece vinculado às investigações da Lava-Jato. No Supremo Tribunal Federal (STF) há um inquérito que investiga a participação de Gleisi no esquema, resultado da colaboração premiada do doleiro Alberto Youssef, que garantiu ter doado R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado, em 2010, por intermédio de um empresário, dono de um shopping popular da capital paranaense.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também disse em delação premiada que, em 2010, recebeu pedido “para ajudar a campanha” de Gleisi. Segundo Costa, a solicitação foi feita por Paulo Bernardo.

Mais recentemente, o juiz federal Sergio Moro encaminhou ao STF outros indícios de envolvimento da senadora na Lava-Jato. Segundo o despacho, parte do dinheiro repassado pela Consist – empresa investigada por irregularidades em contratos no âmbito do Ministério do Planejamento – ao escritório do advogado Guilherme Gonçalves – que trabalhou em campanhas de Gleisi – foi usado para pagar despesas da senadora. Um dos exemplos citados no despacho de Moro é o pagamento do salário de um motorista de Gleisi, conhecida como a “Barbie da Tríplice Fronteira” ou “Joana D’Arc das Araucárias”.

De acordo com os investigadores, a Consist teria iniciado pagamentos de vantagens indevidas depois da celebração de um acordo de cooperação entre o Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (Sinapp). O objetivo do acordo era a disponibilização, pela internet, de serviços e sistema informatizado de gestão de margem consignável em folha de pagamento.

Na última semana, o Supremo aprovou o fatiamento das investigações referentes ao caso. A senadora será investigada no STF, mas o relator do caso não será o ministro Teori Zavascki, que atua nos casos da Lava-Jato. Já os demais envolvidos, que não possuem prerrogativa de foro, serão investigados em São Paulo, não mais no Paraná, onde atua a força-tarefa da Lava-Jato.

Tudo indica que os investigadores da Lava-Jato e o juiz Sérgio Moro estão muito perto de encontrar também a “Arca Perdida”.

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