Lava-Jato: delação de “Baiano” confirma notícia do UCHO.INFO e complica a situação de Eduardo Cunha

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Como antecipou o UCHO.INFO, seria devastadora a delação premiada de Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado de ser o operador de parte do PMDB no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da modernidade.

Com a colaboração premiada de Baiano homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator no STF dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, a situação de muitos políticos deve piorar sobremaneira nos próximos dias. Isso porque o delator revelou às autoridades detalhes estarrecedores sobre o esquema de corrupção que funcionou durante uma década na Petrobras, sangrando de forma aviltante os cofres da estatal.

Confirmando notícia publicada por este site, a delação de Baiano foi a senha que faltava para que as autoridades suíças encerrassem a investigação sobre as contas bancárias de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no país europeu, pelas quais passaram, segundo informações, US$ 5 milhões, propina paga a partir da compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África.

Investigação do Ministério Público da Suíça revela que o dinheiro recursos atribuído ao presidente da Câmara dos Deputados circulou por 23 contas bancárias no exterior, antes de chegar ao destino final, como forma de ocultar sua origem. Entre saques e depósitos que abasteceram as quatro contas em nomes de offshores atribuídas ao parlamentar fluminense, os recursos transitaram por bancos em Cingapura, Suíça, Estados Unidos e Benin.

As quatro contas bancárias que têm como beneficiários o deputado peemedebista e sua mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, não foram declaradas à Receita federal e receberam aproximadamente R$ 23,2 milhões, de acordo com dados enviados pela Suíça à Procuradoria-Geral da República. Os documentos recebidos pela PGR mostram que um negócio de US$ 34,5 milhões, em Benin, serviu para abastecer as mencionadas contas, que foram usadas para pagar despesas do casal.

O detalhe mais perigoso nessa epopeia está no fato de o dinheiro proveniente da corrupção ter passado por contas nos Estados Unidos, onde esse tipo de crime é combatido com firmeza pelas autoridades locais.

O melhor exemplo desse perigo é o escândalo envolvendo Paulo Salim Maluf, que utilizou bancos norte-americanos para lavar a propina proveniente de obras superfaturadas na cidade de São Paulo, antes que os recursos fossem enviados a paraísos fiscais. O nome de Maluf está no alerta “difusão vermelha” da Interpol, o que o impede de deixar o território Brasil, sob pena de ser preso. O pedido de prisão contra Paulo Maluf partiu da promotoria de Nova York, cujo processo foi iniciado pelo implacável promotor Robert Morgenthau.

A defesa

Em nota divulgada à imprensa, os advogados de Eduardo Cunha afirmam que o deputado ainda não foi notificado sobre o tema, assim como não teve acesso a qualquer procedimento investigativo que tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade. A nota é uma resposta ao envio, pelas autoridades suíças, de dados da investigação sobre irregularidades em contas bancárias no país atribuídas a Cunha e familiares.

“Sem que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente como também pelos próprios tratados de cooperação internacional – estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa, inclusive atingindo pessoas que sequer são objeto de qualquer investigação, sendo que a única autoridade com acesso a tais informações, segundo o que também se noticia, seria o Procurador Geral da República”, destaca o texto dos escritórios Garcia de Souza Advogados e Reginaldo Oscar de Castro, defensores de Cunha.

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