Zelotes: Gilberto Carvalho, braço direito de Lula, atuou em parceria com suspeito de comprar MP

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Nesta segunda-feira (26), o ex-ministro Gilberto Carvalho foi ouvido pela Polícia Federal em um inquérito da Operação Zelotes, que investiga a suposta compra de Medidas Provisórias (MPs) para favorecer o setor automotivo.

Documentos apreendidos pela PF apontam que o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no Governo de Dilma Rousseff e assessor do ex-presidente Lula no Palácio do Planalto teria recebido ‘um kit’ do esquema de consultorias envolvidas com o suposto esquema das MPs.

A PF indagou lobistas presos ou conduzidos coercitivamente sobre o conteúdo do tal ‘kit’. Os investigadores ainda encontraram outros documentos durante buscas realizadas nas etapas anteriores da Operação Zelotes. Inclusive, conforme os investigadores, um desses documentos revela uma reunião entre o consórcio formado pelas consultorias SGR e Marconi & Mautoni e Gilberto Carvalho, no qual constam especificações de valores e momentos de pagamentos.

As autoridades da Zelotes acreditam que Gilberto Carvalho ‘atuou em conluio’ com Mauro Marcondes ‘quando se trata da defesa dos interesses do setor automobilístico’.

Relatório de inteligência da Polícia Federal afirma: “Constatamos que as relações mantidas entre empresa (Marcondes) e Gilberto Carvalho são deveras estreitas. Documentos fortalecem a hipótese da compra da MP 471 para beneficiamento do setor automotivo, utilizando-se do ministro que ocupava a antessala do então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela edição de Medidas Provisórias”.

Gilberto Carvalho foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, no Governo Dilma (2011-2015), e assessorava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

O ex-ministro foi intimado a prestar depoimento e compareceu espontaneamente à Polícia Federal. Ele não foi alvo dos mandados de buscas e nem de condução coercitiva que atingiram investigados na nova fase da Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira pela PF, Receita Federal e Ministério Público Federal.

De acordo com os investigadores, o ex-ministro foi citado por vários personagens envolvidos no suposto esquema de compra de Medidas Provisórias. O nome de Carvalho consta de uma agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos, o ‘APS’, relacionado a informações sobre a MP 471.

Gilberto Carvalho teria se reunido com representantes das montadoras para tratar dos incentivos fiscais quatro dias antes da edição da MP 471. Um encontro consta de uma agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos, que atuava em conjunto com a Secretaria-Geral da Presidência, uma das empresas de lobby envolvidas na negociação. ‘APS’, como é conhecido, tem ligações com a ex-ministra Erenice Guerra, que era secretária executiva da Casa Civil na época das tratativas.

As anotações registram valores e regras dos contratos de lobby, além de nomes de executivos que teriam participado das negociações para viabilizar a MP. Numa das páginas está registrado um “café” com “Gilberto Carvalho” em “16/11/2009″.

A situação de Erenice Guerra volta a se complicar, depois que a então chefe da Casa Civil deixou o cargo debaixo de graves acusações, dentre as quais a de tráfico de influência. Erenice foi absolvida na Justiça, mas retornou ao cenário conturbado da política nacional com o mesmo ritmo de antes.

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