Pátria Educadora?

(*) Lígia Fleury

ligia_fleury_06Sancionada a lei que determina o desempate em vestibulares federais pela renda familiar, alterando a LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A vaga é do aluno que tiver a renda inferior a dez salários mínimos ou a renda menor entre os que obtiveram o empate.

Mais uma vez, o governo esconde o estrago feito na Educação nas últimas décadas, criando “pseudossoluções”, mesmo que sejam contra a Constituição Federal, no lugar de formar bons professores e oferecer condições dignas de aprendizagem para todos.

Cotas para a cor da pele e vaga aos menos favorecidos, como se a inteligência e a competência estivessem na cor ou no holerite.

Desde o dia 5 de novembro de 2015, quando esta lei foi publicada no Diário Oficial, conseguir pagar escola particular tornou-se quase um crime.

Políticos corruptos, todos sabem a solução: matriculem seus filhos em escolas públicas, priorizem o ensino, deem melhores condições de aprendizagem na Educação Pública e não serão necessárias desculpas para o caos em que nos encontramos hoje. Igualdade social não é isso.

Haja criatividade para tapar o sol com a peneira. Li um argumento que defende esta lei e era algo assim: “o pobre que empatou com o rico se esforçou mais porque batalhou com menos suporte pedagógico, quem sabe passou fome e obteve a mesma nota”. Eu deveria ter poupado meus olhos!

A Constituição Federal de 1988 garante Educação de qualidade para todos, assim como a LDB e o Estatuto da Criança e do Adolescente. E a presidente sanciona uma lei que proíbe a entrada na Universidade Federal do aluno que tem bom resultado e tem o “azar” de viver com boa condição financeira.

A Presidência da República sanciona uma lei que vai contra a Constituição Federal, pois tira de um jovem o direito ao estudo conseguido com seu empenho, porque ele pode pagar mais um ano de Cursinho. Falando claramente, esta é a interpretação desta lei.

Sabe qual é o azar deste jovem? Ter nascido, talvez, em uma família onde os pais ou responsáveis trabalham até mais de dez horas por dia, estudam e se atualizam com a própria renda, porque perceberam que não poderiam esperar pelo cumprimento das leis que garantiriam a própria formação e a de seus filhos. Que azar deste vestibulando!

Acordemos, Brasil! Vergonha na cara, pelo amor de Deus! Passou de todos os limites faz muito tempo.

Arrumemos o problema de uma vez: reformular a matriz curricular da Graduação, fazer formação continuada para os professores, valorizar o conhecimento, criar e manter condições básicas de higiene nas instituições educacionais. Isso é um bom começo que, certamente, trará outros enormes problemas para o governo: aumentará o número de seres pensantes e criativos, de leitores assíduos.

Seria um sonho para mim e, certamente, um pesadelo para os eleitos. Então, fico eu no pesadelo e os safados com o sonho que já realizaram: quebraram o país.

Casa, educação, saúde e segurança para todos se faz com a utilização dos impostos que pagamos, mas preferem roubar do povo o dinheiro e utilizá-lo em causa própria, em contas no exterior.

E agora oficializaram que trabalhar e pagar escola particular é perda de tempo, porque o empate custará mais um ano na vida do jovem se, com muita sorte, no próximo vestibular, não empatar novamente com um colega de escola púbica.

Pátria Educadora?

(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.

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