Pixuleco II: Procuradoria da República em SP cria força-tarefa para investigar a enrolada Gleisi Hoffmann

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Foi tão prematura quanto desnecessária a ruidosa comemoração de Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), no rastro da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de fatiar a Operação Lava-Jato e tirar do juiz Sérgio Moro o caso de propinas investigado pela Operação Pixuleco II. Investigação que envolve diretamente a senadora petista e o Ministério do Planejamento, à época comandado pelo marido, que continua desempregado. Gleisi avaliou que o STF estava lhe dando um passaporte carimbado para a impunidade, mas agora começa a perceber o tamanho do seu ledo engano.

A Procuradoria da República em São Paulo criou força-tarefa com quatro procuradores para investigar os desdobramentos da Pixuleco II. O primeiro caso que aterrissa na escrivaninha do grupo de procuradores é o referente ao Grupo Consist Software, envolvido em contratos nada ortodoxos com o Ministério do Planejamento, quando o também petista Paulo Bernardo comandava a pasta. Há indícios de desvios no valor de R$ 52 milhões, que, como apontou a Justiça Federal do Paraná, podem ter servido para bancar a campanha de Gleisi Hoffmann.

A Pixuleco II explodiu em agosto deste ano, quando a Polícia Federal invadiu o escritório do advogado de Gleisi e Paulo Bernardo em Curitiba. Guilherme Gonçalves, advogado e militante do PT, é suspeito de participar de uma operação triangular para ocultar um esquema de corrupção iniciado no Ministério do Planejamento, que veio à tona com a prisão do “companheiro” Alexandre Romano, o Chambinho, que em delação premiada contou muito mais do que o outrora “casal 20” gostaria.

O esquema criminoso, que envolve a empresa Consist, teria rendido R$ 52 milhões, como mencionado, sendo que R$ 9 milhões foram repassados ao escritório de Guilherme Gonçalves a título de honorários. A partir daí, Gonçalves passou a pagar contas de Gleisi e Paulo Bernardo e até bancar o salário de serviçais do casal, como o motorista da senadora.

A Pixuleco II tem Gleisi e Paulo Bernardo como protagonistas. Para a senadora, que já é investigada por ter recebido R$ 1 milhão em propina do Petrolão, o caso deixou-a muito próxima da perda do mandato parlamentar, uma vez que é patente a quebra do decoro. Por isso, a decisão do STF de mandar o caso para São Paulo, tirando a Pixuleco II das mãos do juiz Sérgio Moro, conhecido por seu rigor, foi tão ruidosamente comemorada.

A decisão da Procuradoria de São Paulo de nomear uma força-tarefa para investigar os trambiques do Ministério do Planejamento coloca Gleisi e o marido, de novo, na alça de mira das autoridades.

Para quem acostumou-se a intimidar jornalistas que cobram explicações e noticiam suas estripulias, a senadora paranaense saiu muito melhor do que a encomenda. O único senão nesse rocambolesco enredo é que o Paraná merece ter melhor representante no Senado Federal. Enfim…