Vendas no varejo caem pelo oitavo mês seguido e reforçam crise desdenhada pelo governo

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“Nunca antes na história deste país”. O bordão criado pelo galhofeiro Lula para fustigar seus adversários políticos parece ter sido feito sob medida para o governo de Dilma Vana Rousseff, a criatura. Afinal, o agora lobista de empreiteira é o criador político eleitoral da chefe do Executivo federal, que perde-se cada vez mais em uma crise múltipla e sem precedentes.

Enquanto insiste em afirmar que o momento é de “travessia” – sem tempo de duração e destino final –, Dilma é obrigada a conviver com números que mostram de forma inequívoca a débâcle da economia nacional. Como se não bastasse, as previsões econômicas sobre o futuro do País são desanimadoras. Isso porque a falta de apoio político do governo e a pouca disposição dos palacianos em cortar gastos e cargos inviabiliza qualquer tentativa de reversão do caos.

O que muitos já sabiam foi confirmado nesta quinta-feira (12). As vendas do varejo brasileiro recuaram pelo mais uma vez – é o oitavo mês seguido –, movimento que acompanhou o péssimo desempenho do setor de comércio de veículos. Em setembro, na comparação com agosto, o recuo foi de 0,5%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Essas oito taxas negativas consecutivas contabilizam 6,8% de perda. É provavelmente a maior perda acumulada. É a maior sequência de taxas negativas [ da série, iniciada em 2000”]”, explicou Isabella Nunes, gerente de Serviços e Comércio do IBGE.

Na comparação com setembro do ano passado, o comércio registrou retração de 6,2%, a maior da série histórica do indicador, que teve início em 2000. No acumulado do ano (janeiro a setembro), o setor varejista acumula queda de 3,3% nas vendas e, em doze meses, de 2,1%.

Com a retração de 0,5% em setembro, as vendas do varejo estão 9,2% abaixo do pico da série, registrado em novembro de 2014.

“A redução de compra está ligada à redução da renda, à redução de crédito e à pressão inflacionária. São esses três que podem explicar a redução do consumo doméstico”, reforçou Isabella Nunes.

A maioria dos segmentos mostrou queda nas vendas na passagem de agosto para setembro, com destaque para veículos, motos, partes e peças, que registraram recuo de 4%, outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,7%), entre outros.

O setor de “supermercados, alimentos e bebidas”, que mais impacta o desempenho do varejo, ficou quase estável, com ligeira alta de 0,1%. Esse movimento ascendente, mesmo que minúsculo, é resultado de um binômio que mescla a necessidade de sobrevivência do cidadão e a inadimplência do consumidor.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, as oito atividades do varejo pesquisadas pelo IBGE registraram recuo. As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram mais do que todos os outros segmentos avaliados (17,9%), seguidas por hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%); combustíveis e lubrificantes (-8,7%) e tecidos, vestuário e calçados (-12,9%).

“O comportamento negativo deste setor [móveis] vem sendo decorrente de fatores como restrições ao crédito, principalmente em função do aumento da taxa de juros no crédito para pessoas físicas, além da influência da redução da massa real dos rendimentos, com recuo de 6,1% frente a igual mês do ano anterior”, afirma o IBGE, em nota.

No terceiro trimestre do ano, as vendas do varejo mostraram queda de 5,7%. Segundo Isabella Nunes, trata-se do pior resultado para o trimestre desde 2003, quando foi registrado recuo de 6,1%.

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