Aplicativo bloqueia contas ligadas ao grupo terrorista “Estado Islâmico”

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O aplicativo de mensagens instantâneas Telegram – semelhante ao popular WhatsApp – afirmou nesta quarta-feira (19) ter bloqueado dezenas de contas associadas ao “Estado Islâmico” (EI) de seu serviço, após os ataques de 13 de Novembro em Paris.

“Ficamos consternados ao saber que os canais públicos do Telegram estavam sendo usados pelo EI para fazer propaganda”, diz nota publicada pela empresa. “Só nesta semana, bloqueamos 78 canais relacionados ao ‘Estado Islâmico’ em 12 idiomas.”

Lançado em 2013, o Telegram é um aplicativo gratuito criado pelo programador russo Pavel Durov, com sede em Berlim, na Alemanha. O serviço diz “fornecer um meio seguro de comunicação em qualquer lugar do planeta” e acusa gigantes como Facebook e Google de repassarem dados pessoais a terceiros.

O aplicativo dispõe do que eles de chats secretos em que as mensagens são criptografadas e possuem função autodestrutiva. Também é possível criar canais públicos, onde mensagens são transmitidas a uma audiência ilimitada.

De acordo com o Instituto de Pesquisa em Mídia do Oriente Médio (Memri, na sigla em inglês), tecnologias como o Telegram estão se tornando populares entre grupos jihadistas, como o EI e a Al Qaeda, que criaram vários desses canais públicos no aplicativo para espalhar suas mensagens.

Na nota desta quarta-feira, o Telegram afirma ainda que consegue detectar conteúdos ofensivos a partir de denúncias dos próprios usuários. “Fomos capazes de identificar e bloquear canais públicos relacionados ao EI graças a vocês”, diz o grupo.

Segundo Durov, “apenas os canais disponíveis publicamente podem ser denunciados e bloqueados”. Ele garante que é impossível interceptar conversas privadas.

Privacidade versus segurança

A criptografia ganhou espaço nos meios de comunicação depois que Edward Snowden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), revelou, em 2013, que agências americanas realizavam espionagem em massa.

Foi a deixa para o Telegram fazer sucesso. Embora o número exato de usuários seja desconhecido, a empresa informou em agosto deste ano que 10 bilhões de mensagens são trocadas diariamente pelo aplicativo.

Na sequência dos recentes ataques reivindicados pelo EI, tanto em Paris como a bomba no avião russo que caiu no Egito, o Telegram se depara com a dificuldade de defender sua política. O os governos fazem pressão por restrições de segurança na internet, para assim ser possível vigiar grupos extremistas com mais abrangência.

Na segunda-feira, o diretor da CIA John Brennan, afirmou que algumas tecnologias – sem mencionar a criptografia, especificamente – “têm tornado mais difícil para os serviços de segurança, tanto tecnicamente como legalmente, encontrarem o que é preciso para identificar conspirações terroristas”.

Numa conferência em setembro deste ano, o criador do Telegram havia declarado que “a privacidade, e o nosso direito a ela, é mais importante do que o medo de que algo ruim aconteça, como o terrorismo”.

Ao ser questionado sobre como consegue dormir à noite sabendo que o EI usa seu serviço, Pavel disse: “Eles sempre vão encontrar um jeito de se comunicar.” (Com agências internacionais)

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