Se tiver o “mínimo de decência”, Senado deve confirmar prisão de Delcídio Amaral, afirma líder do PPS

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Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) defendeu, nesta quarta-feira (25), que o Senado confirme a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que culminou na prisão do líder do governo da presidente Dilma Rousseff, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ele estava agindo para atrapalhar as investigações da operação Lava-Jato e chegou a oferecer uma mesada de R$ 50 mil e uma rota de fuga para Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.

“Se tiverem o mínimo de responsabilidade e decência, os senadores vão confirmar a prisão do Delcídio. Agir de outra maneira, mandar soltar o senador, seria a desmoralização total. Até porque o Supremo agiu com base em gravação feita pelo filho de Cerveró e fartas provas da ação do petista para embargar as investigações. É um momento grave e, nestes momentos, é preciso responsabilidade para passar o Brasil a limpo”, afirmou o líder do PPS.

A intenção de Delcídio, segundo o STF, era impedir que Cerveró firmasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da operação Lava-Jato. “Ele temia que o ex-diretor lhe incriminasse e também revelasse detalhes do envolvimento de outros integrantes da cúpula PT no escândalo. Cerveró deve ter muito o que contar e essa trama precisa vir a tona”, avalia Rubens Bueno.

Para o deputado, a prisão de Delcídio atinge em cheio a presidente Dilma e o Palácio do Planalto. “A prisão de Cerveró traz Dilma para o centro da Lava Jato. O líder de seu governo agiu como um verdadeiro chefe de organização criminosa. Será que agiu assim só em relação a Lava Jato ou, como líder do governo, também utilizava prática semelhante em outras questões? Fica a dúvida”, questionou o líder do PPS.

Além de Delcídio, o STF também determinou a prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que participava da trama para atrapalhar as investigações. “Esse é um ponto importante porque estão chegando nos caixas do esquema. Acredito que o rastro do dinheiro desviado da Petrobras e de outras estatais vai se tornar mais claro a partir de agora”, finalizou Rubens Bueno.

Oferta de fuga

As prisões do senador Delcídio do Amaral e do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, decorrem da frustrada tentativa de ambos de evitar que Nestor Cerveró os citasse na delação premiada. Uma conversa do petista com o filho de Cerveró foi interceptada pela Polícia Federal.

Delcídio procurou Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, para fazer a proposta. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que também tem ordem de prisão autorizada, participou do encontro. O banqueiro André Esteves, que também foi preso, sabia das negociações.

No áudio, o senador petista faz proposta para que Cerveró não mencionasse o seu nome e o de Esteves na delação, ao mesmo tempo em que oferece rotas de fuga para Cerveró, preso desde janeiro deste ano em Curitiba e já condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

O líder do governo no Senado e o advogado explanaram na reunião o plano de fuga. Cerveró iria de avião até o Paraguai, de onde embarcaria para Madrid, na Espanha. Como o ex-diretor da Petrobras tem dupla cidadania, não teria dificuldade para ingressar no país europeu e lá fixar residência. Delcídio e Ribeiro sugerem o avião a ser usado na fuga deveria ser um Falcon 50, que tem autonomia de voo.

Durante a conversa, o senador menciona de ministros do STF, os quais estariam dispostos a votar pela soltura dos investigados pela Lava-Jato que estavam presos na capital paranaense. A conversa foi gravada por Bernardo Cerveró e entregue ao Ministério Público Federal. A citação de nomes de magistrados irritou os integrantes do STF, que na terça-feira (24) autorizou a prisão do parlamentar sul-mato-grossense.

Privilégio estranho

Delcídio Amaral e André Esteves teriam recebido a proposta inicial de delação premiada que Cerveró estava negociando com os integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Por conta desse privilégio absurdo e que viola a legislação, uma investigação será aberta para identificar o responsável pelo vazamento do documento.

Na delação, Delcídio foi citado por Cerveró, que acusou o petista de participar do esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da obsoleta e superfaturada refinaria de Pasadena, nos EUA, conhecida nos bastidores do Petrolão como “Ruivinha” por causa do excesso de ferrugem em suas instalações.

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