Dono do BTG Pactual tem pedido habeas corpus negado pelo STF e é transferido para presídio do RJ

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Falhou, pelo menos por enquanto, a investida do badalado advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para libertar seu mais novo cliente, o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual. Kakay teve negado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, relator dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato em que os investigados e réus gozam de prerrogativa de foro, pedido de habeas corpus em favor de Esteves.

Com a decisão, André Esteves, até então considerado um dos gênios do mercado financeiro nacional, foi transferido da carceragem da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, para a unidade 8 do Complexo Penitenciário de Bangu, mas antes passou por triagem no presídio Ary Franco, porta de entrada do sistema prisional fluminense. Ou seja, o banqueiro está viver em um cenário diferente daquele que desfrutava até a chegada dos agentes da PF.

André Esteves foi preso na última quarta-feira (25), acusado, juntamente com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), de tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato. A incursão desesperada da dupla na seara do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, surgiu no rastro da estratégia equivocada de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, que remeteu ao STF pedido de prisão de ambos, com base em conversas gravadas pelo filho de Cerveró, Delcídio ofereceu mesada de R$ 50 mil para evitar que o ex-executivo da estatal mencionasse o nome do congressista e o do dono do BTG Pactual em eventual acordo de delação premiada. Os recursos seriam disponibilizados por Esteves, de acordo com as conversas entre o petista, o advogado Edson Ribeiro (ex-defensor de Cerveró) e Bernardo Cerveró.

Advogado do banqueiro, Kakay alegou ao STF, no pedido de habeas corpus, que a prisão temporária do seu cliente fora baseada “única e exclusivamente” na fala de Delcídio. André Esteves nega que conheça Cerveró, o filho do ex-diretor, o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro. Segundo o criminalista, o dono do BTG conhece o senador petista, assim como tem contato com vários outros políticos.

O banqueiro também refuta a informação de que teria recebido a minuta do acordo de delação premiada de Cerveró com a força-tarefa da Lava-Jato. No contraponto, Delcídio afirmou que o banqueiro tinha cópia do que o ex-diretor delataria ao Ministério Público. O senador teria comentado inclusive algumas anotações feitas por Cerveró na minuta do acordo de delação.

A prisão temporária de André Esteves expira no próximo domingo (29), mas pode ser renovada por igual período (cinco dias) ou convertida em prisão preventiva (sem prazo). O conteúdo da decisão o ministro Teori Zavascki ainda está sob sigilo.

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