Erdogan diz que renuncia se Putin provar que Turquia comprou petróleo do “Estado Islâmico”

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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira (1º) que o país não compra petróleo do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) e que vai renunciar se a acusação, feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, puder ser comprovada.

“Vou dizer algo muito forte. Se isso for provado, a nobreza da nossa nação exige que eu não permaneça no cargo”, declarou Erdogan, segundo a agência de notícias estatal Anatolia.

Em tom de desafio a Putin, que descartou um encontro com o líder turco em Paris, Erdogan acrescentou: “E eu digo ao senhor Putin: ‘O senhor ficaria no cargo?’. Eu digo isso claramente.”

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu à Turquia e à Rússia que se concentrem no “inimigo comum”, no caso o “Estado Islâmico”, após se encontrar com Erdogan em Paris.

“Nós conversamos sobre como a Turquia e a Rússia poderiam trabalhar para reduzir as tensões. Como disse ao presidente Erdogan, todos nós temos um inimigo em comum, que é o ‘Estado Islâmico’, e quero ter a certeza de que vamos nos concentrar nesta ameaça”, acrescentou.

“Não somos desonestos”

Na segunda-feira (30), Putin acusou a Turquia de abater um jato russo, na última semana, para proteger o fornecimento de petróleo pelo “Estado Islâmico”. Ancara rejeita essa acusação com veemência.

Erdogan afirmou que a Turquia compra petróleo e gás por meios legais. “Não somos desonestos para fazer esse tipo de troca com grupos terroristas. Todos devem saber disso. Vamos manter a calma e não agir de forma emocional.”

Putin disse ter “todos os motivos para acreditar” que a decisão de abater o avião russo “foi ditada pelo desejo de proteger a rede de abastecimento de petróleo para o território turco”, em direção aos portos onde a matéria-prima é carregada para os petroleiros.

O presidente russo afirmou ter “informações adicionais que, infelizmente, confirmam que o petróleo, produzido em áreas controladas pelo ‘Estado Islâmico’ e outras organizações terroristas, é transportado numa escala industrial para a Turquia”.

Logo após o incidente com o avião militar russo, perto da fronteira da Síria com a Turquia, Putin acusou os turcos de serem “cúmplices de terroristas’.

Os lucros da venda de petróleo são uma das principais fontes de financiamento do “Estado Islâmico”, que controla uma grande região no norte do Iraque e da Síria.

Os dois lados

Conflitos no mundo árabe não são novidade, mas pioraram sobremaneira com o surgimento do grupo terrorista “Estado Islâmico”, que encontrou guarida no regime ditatorial de Bashar al-Assad, presidente da Síria. Por mais que países, inclusive a Rússia, se unam para combater os terroristas do “EI”, é preciso saber qual é o objetivo de cada “player” desse enfrentamento.

Em relação ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, trata-se de um político experimentado, que como tal tem o DNA do populismo. Ou seja, joga para a plateia de acordo com a própria conveniência.

No tocante ao russo Vladimir Putin, que também age para contemplar a opinião pública do seu país, trata-se não apenas de um político, mas de um ex-agente da KGB. Isso significa que é mais fácil acreditar na informação de Putin do que na promessa de Erdogan. (Com agências internacionais)

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