Dilma cancela reunião com ministros do núcleo político na esperança de conversar com Michel Temer

(Pedro Ladeira - Folhapress)
(Pedro Ladeira – Folhapress)

Depois de passar os últimos dias provocando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e negando que tivesse cometido qualquer ilícito que justificasse um pedido de impeachment, Dilma Rousseff reuniu-se nesta segunda-feira (7) com trinta juristas, no Palácio do Planalto, para traçar a estratégia de sua defesa, mas em seguida cancelou a reunião com ministros do núcleo político do governo.

A assessoria presidencial não forneceu qualquer informação sobre os motivos do cancelamento da reunião, mas apenas justificou que Dilma saiu tarde da reunião com os juristas. Na verdade, o que a presidente espera é que um encontro com Michel Temer aconteça ainda nesta segunda-feira, já que o vice-presidente da República cancelou o restante da sua agenda em São Paulo para retornar à capital dos brasileiros.

Dilma tem dito que confia em Michel Temer e que conhece bem o seu vice, mas isso não passa de mera figura de retórica. A presidente não suporta Michel desde que o peemedebista foi indicado por Lula, em 2010, para fazer dupla com ela.

Enquanto Dilma, no auge do desespero, tenta reverter o jogo, Michel Temer continua articulando nos bastidores, inclusive com conversas sobre um eventual governo do PMDB. Criticado pela presidente enquanto estava no comando da articulação política do governo, Temer não esqueceu o que enfrentou após afirmar, em entrevista, que a crise exigia alguém que reunificasse o País. Foi o bastante para Dilma detonar o vice.


O que se sabe é que um não gosta do outro e vice-versa, o que compromete a permanência de Dilma no cargo de presidente da República. Acuada diante do avanço dos problemas que derretem o governo e chacoalham o Brasil em todos os seus quadrantes, a presidente quer se reaproximar de Michel Temer, que nos bastidores já deixou claro que essa situação não lhe interessa.

Aliás, Michel vem, não é de hoje, costurando alianças, em especial na seara da oposição, para a eventualidade de assumir o poder central no caso do afastamento de Dilma. O vice já anunciou que não será candidato à Presidência em 2018, ano em que pretende encerrar a carreira política. Por isso, Temer aposta na chance derradeira de assumir a batuta no epílogo do seu currículo como homem público.

Essa certeza que embala Michel Temer é tão grande, que até mesmo nomes de ministros já teriam sido escolhidos em uma primeira rodada de negociações. Da oposição sairiam alguns nomes, os quais têm se aproximado lenta e continuamente do PMDB nos últimos meses. A começar pelo senador José Serra (PSDB-SP).

Se Dilma conseguirá algum êxito no eventual encontro com Michel é cedo para afirmar, mas pode-se dizer que o vice pende muito mais na direção do impeachment do que qualquer outra coisa. Mesmo que Michel Temer entenda que não há embasamento jurídico para o pedido de afastamento de Dilma.

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