Como um treinador a caminho da degola, Levy compara nota do Brasil a rebaixamento no futebol

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Nesta quinta-feira (10), o ministro Joaquim Levy (Fazenda) recorreu ao futebol para comentar o eminente rebaixamento do Brasil e perda de grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco.

“A questão do rebaixamento é reflexo da realidade. É que nem campeonato de futebol, se você não se reorganiza, você não consegue ter união e o resultado é sério”, disse.

“Evidentemente depois você tem que trabalhar e tentar voltar. Sempre se é possível voltar para a divisão que acha que você pertence”, completou Levy, que participou de almoço anual de confraternização dos dirigentes de bancos (Febraban), em São Paulo.

Questionado se a Fazenda já avalia a perda do grau de investimento por uma segunda agência já como certa, Levy não respondeu diretamente, afirmando apenas que “o governo não está achando que é normal ter isso [rebaixamento]”.

Contudo, o ministro minimizou as consequências de um eventual novo corte da nota do Brasil. “Nossa dívida externa, que é aquela que tem o rating, é relativamente pequena. É uma proporção de um quinze avos das nossas reservas internacionais. Então, obviamente, não há risco de a gente não poder ou não querer pagar essa dívida”, ressaltou.

O ministro reconheceu que a dívida doméstica do país vem crescendo a um ritmo “desconfortável”, o que “aponta para importância de fazer uma série de reformas para permitir o Brasil ter tranquilidade e voltar a crescer”.


Em discurso a dirigentes de bancos, Levy procurou, apesar de tudo, passar uma mensagem de otimismo, mesmo diante dos “muitos desafios” que se impõe para o ano que vem como a necessidade de uma reforma na Previdência.

De acordo com o ministro, o país precisa tanto de disciplina como de imaginação para enfrentar os problemas. “Imaginação é ter ideias originais para alcançar objetivos. É um negócio que dói à beça”, disse.

“Como que a gente não pode se organizar? Como que a gente não pode estabelecer bases para em vez de estarmos discutindo downgrades, estarmos discutindo upgrades? Como que o Brasil não pode ser um país A?”, questionou.

Perguntado mais tarde, em entrevista, sobre o fracasso do governo no cumprimento das metas lançadas ao longo de 2015 e o impacto disso na confiança dos agentes econômicos, o ministro afirmou que os indicadores têm sido afetados sobretudo por fatores de natureza política e que “as sementes do crescimento” já foram colocadas ao longo deste ano.

“Na medida que houver clareza, em que a gente não procure resolver as coisas com fantasia, mas estudar cenários, ver realmente o que precisa ser feito, se unir e superar evidentes divergências que possam haver, acho que a gente consegue superar os desafios de agora e estar crescendo”, finalizou.

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