Notícias econômicas ruins e decisão do ministro Fachin sobre rito do impeachment azedaram o dia de Dilma

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A quarta-feira (16) não foi o melhor dia para a presidente Dilma Rousseff, que vive momentos de tensão máxima por conta de uma crise múltipla (econômica, política, institucional, ética e de competência) que cresce a cada instante. Lutando de forma quase ininterrupta para salvar o próprio mandato, a presidente da República vem enfrentando dificuldades em vários setores, em especial na economia e no relacionamento do governo com o Congresso Nacional.

Na seara econômica, a petista pela primeira vez terá sua razão reconhecida, mesmo que parcialmente. A crise brasileira agora tem um ingrediente externo. Após dez anos, os Estados Unidos aumentaram a taxa de juro, o que fará com que investidores troquem as incertezas verde-louras pela segurança e rentabilidade dos títulos do Tesouro norte-americano. Isso faz aumentar a saída de dólares do Brasil, o que eleva a cotação da divisa ianque no mercado de câmbio.

Como se fosse pouco, uma das mais importantes agências de classificação de risco, a Fitch Ratings, rebaixou a nota do Brasil, que perdeu o selo de “bom pagador”. Essa decisão leva o Brasil a deixar o seleto núcleo de países confiáveis na opinião dos investidores internacionais, que devem levar suas economias para outros destinos. No momento em que o País precisa retomar os investimentos para tentar reverter a crise econômica, a decisão da Fitch foi um banho de água fria.

A questão do rebaixamento da nota do Brasil é grave, uma vez que o País recebeu o chamado “investment grade” em 2008 e menos de uma década depois foi ejetado desse nicho que sempre atrai o interesse dos investidores. Ao perder o selo de “bom pagador”, o Brasil perde também a possibilidade de sonhar, no curto prazo, com dias melhores.


Ainda na seara econômica, a decisão da presidente Dilma de reduzir a meta de superávit fiscal de 2017 de 0,7% do PIB para 0,5%, como possibilidade de ser nula, fez com que crescessem os rumores sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Principal e mais respeitável nome da equipe do governo petista, Levy já acertou sua saída com a presidente, sendo que esse “divórcio” acontecerá de forma a não causar impacto no mercado financeiro nacional. Levando-se em conta que o Brasil está de pernas para o ar, Levy pode sair a qualquer momento, pois nenhum fato novo fará com que a economia nacional sofra ainda mais.

Mas o “dia de cão” da presidente não terminou por aí. O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, impôs uma nova e sonora derrota ao governo, que precisa ser confirmada pelo plenário da Corte. Em longo voto proferido na quarta-feira, Fachin, respondendo a questionamento do PCdoB, decidiu manter o rito do impeachment adotado até agora pela Câmara dos Deputados. A eleição que escolheu a chapa que integrará a comissão processante não precisaria ser aberta e o Senado Federal não tem poderes para rejeitar o processo iniciado na Câmara, desde que o mesmo seja aprovado por dois terços dos deputados federais.

Para completar, o ex-presidente Lula depôs secretamente na Polícia Federal, em Brasília. O agora lobista-palestrante foi ouvido no âmbito da Operação Lava-Jato, na condição de informante, sobre o esquema de corrupção que durante uma década funcionou deliberadamente na Petrobras. O ex-metalúrgico, que também é investigado sobre tráfico de influência em favor do grupo Odebrecht, ainda será ouvido na Operação Zelotes, ocasião em que terá de explicar a denúncia de compra de medidas provisórias. A Operação Zelotes investiga um esquema criminoso que funcionava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o CARF, órgão ligado ao Ministério da Fazenda.

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