Fernando Henrique Cardoso usa redes sociais para rebater denúncia de Nestor Cerveró

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Nesta segunda-feira (11), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais para rebater a denúncia de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Cerveró afirmou à Procuradoria-Geral da República que a venda da empresa petrolífera Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo FHC de US$ 100 milhões.

“Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobrás já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”, rebateu Fernando Henrique Cardoso.

Em outubro de 2002, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A Petrobras, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.

O ex-diretor não explica, no documento, para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. Já FHC afirma que as declarações de Cerveró são vagas. “Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação politico partidária”.

As informações de Cerveró constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado.


O documento com as declarações de Cerveró é parte do resumo das informações que o ex-diretor prestou à Procuradoria-Geral antes de fechar seu acordo de delação premiada.

O papel foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob a acusação de tramar contra a Operação Lava-Jato. Vale destacar que o senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Nestor Cerveró.

Nesse mais novo rapapé no escopo da Operação Lava-Jato há alguns fatos a serem considerados. O primeiro deles, talvez o mais importante, é que política não se faz sem dinheiro, independentemente de qual seja o partido. E a grande maioria dos políticos brasileiros não concorre a um cargo eletivo para prestar bons serviços ao País, apesar de nessa seara existirem raras e honrosas exceções.

A segunda questão a ser considerada é que Nestor Cerveró, ao firmar o acordo de delação premiada, assumiu o compromisso de dizer a verdade e revelar fatos passiveis de comprovação. Do contrário, o eventual benefício em pena condenatória fica comprometido.

A terceira e última questão é que FHC tem razão quando afirma que as informações são vagas. A Justiça brasileira, pelo menos em tese, não condena com base em indícios ou em informações ruidosas. Ou seja, ou se tem provas capazes de embasar a condenação, ou prevalece o princípio do “in dubio pro reo” (na dúvida, a favor do réu).

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