João Santana é investigado na Lava-Jato e também por dinheiro suspeito de Angola

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Alvo da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato, o marqueteiro baiano João Santana comandou as campanhas presidenciais do PT – Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) –, mas também participou de algumas campanhas vitoriosas na América Latina, como por exemplo, a do finado ditador Hugo Chávez, o fanfarrão que inventou o “Socialismo do século XXI”, e do aprendiz de tiranete Nicolás Maduro.

Além de ser investigado no escopo da Lava-Jato, com direito a mandado de prisão temporária, que também vale para sua esposa e sócia – Mônica Moura, o marqueteiro petista é alvo de inquérito sobre a disputa presidencial em Angola (2012). A grande questão nesse caso é que no país governado pelo também ditador José dos Santos a lei não é levada muito a sério, prevalecendo os subterrâneos da truculência.

Fora isso, Santana foi responsável pela campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, o que coloca o alcaide paulistano na alça de mira das investigações. O marqueteiro baiano está na República Dominicana, onde coordena a campanha à reeleição do presidente Danilo Medina, mas, segundo seu advogado, deve retornar ao Brasil ainda nesta segunda-feira (22). Ele é suspeito de ter recebido US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior. A PF afirma que João Santana, assim como Mônica Moura, sabia da origem ilícita do dinheiro, proveniente do esquema de corrupção que funcionou na Petrobras durante uma década.

Figura carimbada na cúpula do PT, Santana trabalhou nas campanhas de Delcídio Amaral (PT-MS) ao Senado, em 2002, e de Gleisi Hoffmann (PT) e Marta Suplicy (PT) às prefeituras de Curitiba e São Paulo, respectivamente, em 2008. Por conta disso, Gleisi também está na mira da Operação Lava-Jato, desta vez no mesmo radar de João Santana.


Tentáculos africanos

Além de investigar Santana na Lava-Jato, a Polícia Federal investiga o marqueteiro por suposta participação em operação de lavagem de dinheiro para o PT, tendo como palco da ilegalidade a campanha eleitoral do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, em 2012. Naquele ano, o marqueteiro petista também fez a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Encerrada a campanha, João Santana transferiu para suas contas no Brasil o equivalente a US$ 16 milhões (R$ 33 milhões à época). Os investigadores suspeitam que o dinheiro foi pago por empreiteiras brasileiras que atuam em Angola, como forma de o PT, por vias transversas e ilegais, quitar dívidas com o marqueteiro, que para comandar a campanha de Haddad recebeu R$ 36 milhões, em valores atualizados.

Na ocasião, Santana afirmou que era absurda a suspeita de lavagem de dinheiro, uma vez que a transferência de recursos se deu dentro da lei e foi devidamente declarada às autoridades brasileiras, como do Banco Central e da Receita Federal. O publicitário alegou que os recursos eram provenientes de honorários da campanha em Angola, sendo que a dívida de Fernando Haddad (R$ 20 milhões à época) foi paga pelo Partido dos Trabalhadores.

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