Ainda desconfiando de Temer, Dilma não causará surpresa se lançar Sarney à presidência do PMDB

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Depois de patrocinar, em 2015, uma manobra para viabilizar sua chegada ao principal gabinete do Palácio do Planalto, na eventual queda da presidente Dilma Rousseff, alvo de processo de impeachment por crime de responsabilidade, o vice Michel Temer reviu sua estratégia e agora age com muita cautela para ser reconduzido ao comando nacional do PMDB, cuja decisão se dará durante convenção do partido, marcada para março próximo.

Temer ficou assustado não apenas com a reviravolta do calvário de Dilma no Congresso Nacional, que perdeu a oportunidade de apear a petista do cargo, mas principalmente com a atuação do governo na reeleição do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (PMDB), aliado declarado do governo, o qual tem correspondido com as devidas contrapartidas.

Considerando que o governo já avaliou que a reeleição de Picciani ainda lhe custará muito caro, especialmente porque a bancada peemedebista está cada vez mais rachada, a saída para os palacianos é a eleição de algum aliado para presidir o PMDB.


Se por um lado a presidente Dilma finge ter recobrado a confiança no vice, depois de um período de desentendimentos explícitos, por outro a petista trabalha para ter um plano B com vistas à eleição da direção nacional do PMDB. Enquanto Michel Temer atua para cabalar votos que garantam sua recondução ao cargo, integrantes da cúpula do governo não descartam apoiar alguém que opere na mesma sintonia palaciana.

De tal modo, não causará surpresa se o Palácio do Planalto apelar a José Sarney para concorrer à presidência do PMDB. No governo o tema vem sendo tratado de forma muito reservada, mas pessoas próximas a Sarney não descartam tal possibilidade, até porque o maranhense seria uma espécie de “bandeira branca” entre o Executivo federal e a bancada peemedebista no Congresso Nacional. Fora isso, Sarney, que está fora da linha de frente da política nacional, continua articulando intensamente nos bastidores.

No caso de esse cenário prevalecer, o vice Michel Temer perderá espaço e encerrará a carreira política, anunciada para o final de 2018, com muito menos poder do que antes. Por certo o núcleo duro do governo rebaterá a matéria do UCHO.INFO, mas em tempo de guerra qualquer buraco funciona como trincheira. E Sarney ainda cultiva boa interlocução com Dilma e seus quejandos.

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