Alckmin diz que confia no presidente da ALESP, mas não age para aprovar CPI da merenda escolar

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Um escândalo de corrupção não pode suprimir outro. Essa é maneira que os brasileiros deveriam adotar em questões políticas, mas não é isso que acontece no País, onde os desmandos praticados na área federal minimizam transgressões cometidas em outras instâncias do Estado.

Governador do mais rico e importante ente federativo, São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, tão logo eclodiu o escândalo da merenda escolar, disse que confia plenamente no deputado estadual Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa paulista. No âmbito da Operação Alba Branca, que detectou fraudes em licitações para fornecimento de merendas escolares, Capez foi acusado de receber propina do esquema criminoso.

Em depoimento à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado de São Paulo, Cássio Chebabi, presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF), citou o nome do assessor de Capez, Luiz Carlos Gutierrez, o Licá – cabo eleitoral do parlamentar tucano na região da Moóca, zona Leste de São Paulo. O dirigente da COAF também acusou Jeter Rodrigues, ex-assessor do presidente da Assembleia Legislativa.

Os nomes de Capez, Licá e Jeter já haviam sido mencionados por outros quatro funcionários da COAF, investigados na Alba Branca: César Augusto Bertholino, Adriano Gibertoni Mauro, Carlos Luciano Lopes e Carlos Alberto Santana da Silva.

Chebabi atribuiu as informações a César Bertholino, vendedor da cooperativa. “Quando a COAF atrasava, devido a dificuldades financeiras, o pagamento da “comissão” ao Governo do Estado, eram feitas retaliações e ameaças, desde barrar a entrega dos produtos no Centro de Distribuição da Pasta Estadual da Educação na cidade de Cajamar até a transmissão de mensagens por “watszap” (sic) de um assessor do deputado Fernando Capez, identificado por César como Licá, o qual também seria cunhado daquela deputado”, afirmou o dirigente.

Em depoimento aos investigadores, Cássio Chebabi revelou que para Jeter Rodrigues ‘ajudar’, a COAF cedeu um veículo para a campanha eleitoral de Capez em 2014, mas alegou não se lembrar da placa do mesmo.


“Para que assessoria do deputado Fernando Capez, especificamente Jeter, pudesse ajudar a COAF, “abrindo” outras prefeituras, a COAF emprestou um carro VW/Gol, cor branca, ano 2012 cujas placas não se recorda, para ser utilizado durante a campanha eleitoral de 2014, por aquela pessoa, segundo César, por pedido direto do deputado, o qual permaneceu com o veículo durante 2 ou 3 meses e o restituiu em mau estado de conservação, “cheio de multas”, ao final do período eleitoral, ou seja, se tratava uma “troca de favores”, previamente e para que pudesse então vir a ser assinado o contrato em 2015″, declarou.

Há na Assembleia Legislativa paulista um pedido de abertura de CPI para investigar o escândalo, mas para tanto são necessárias pelo menos 32 assinaturas. Considerando que o governador Geraldo Alckmin controla o Parlamento estadual, assim como Dilma faz com o Congresso, a possibilidade de a CPI sair do papel é pequena.

Até a terça-feira (23), faltavam dez assinaturas para que o pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito pudesse ser aprovado de acordo com o que estabelece o Regimento Interno da Casa legislativa, mas Alckmin continua contemplativo. Até mesmo Fernando Capez assinou o requerimento de criação de CPI, mas tudo não passou de jogo de cena, pois o deputado tucano sabe que não corre risco.

Se o governador de São Paulo de fato confia em seus prepostos, que peça aos parlamentares da base para que assinem o requerimento de criação da CPI da Merenda Escolar, como prova de que nada tem a temer. Ademais, Alckmin deveria sugerir aos acusados que se licenciassem dos cargos que ocupam, como forma de mostra isenção, inocência e confiança na Justiça.

Apenas para recordar, o então presidente Itamar Franco, diante de acusações de corrupção por parte do seu chefe da Casa Civil, afastou temporariamente Henrique Hargreaves do cargo, enquanto durassem as investigações. A Polícia Federal, que cuidou do caso, agiu com liberdade e independência, nada encontrado contra o acusado. Amigo de lona data de Itamar, o mineiro Hargreaves reassumiu a Casa Civil da Presidência com muito mais força.

Geraldo Alckmin é um embusteiro que posa de bom moço, por isso cai nas graças do eleitorado da terra dos bandeirantes. Não se pode esquecer que o governador tucano prometeu revelar os resultados dos trabalhos de uma comissão externa criada para apurar os desvios no caso do escândalo do Metrô e da CPTM, mas até agora nenhuma informação foi fornecida ao contribuinte paulista, que pagou mais essa conta.

Política no Brasil não se faz sem muito dinheiro, não importando o partido que esteja no poder. Sendo assim, esse modus operandi criminoso, que há muito impera na Terra Brasilis, continuará alimentando a roda da corrupção, para o desespero dos brasileiros de bem.

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