Morte de Alberto Nisman foi homicídio, afirma procurador argentino

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O promotor argentino Alberto Nisman aparentemente foi assassinado, disse, nesta quinta-feira (25), o procurador-geral da Corte de Apelações Criminais de Buenos Aires, Ricardo Saenz. Nisman morreu em 2015, poucos dias depois de acusar a então presidente Cristina Fernádez de Kirchner de acobertar a suposta participação do Irã em atentado a um centro judaico na capital argentina.

“Os indícios até este momento sustentam a hipótese de que Alberto Nisman foi vítima de um crime de homicídio”, escreveu Saenz em uma recomendação para que o caso seja encaminhado às autoridades federais e tratado como investigação de assassinato. Foi a primeira vez que uma autoridade jurídica classificou a morte como homicídio.

Nisman foi encontrado com uma bala na cabeça e uma pistola a seu lado no banheiro de seu apartamento, em Buenos Aires, em janeiro do ano passado. Inicialmente, o caso foi classificado como suicídio – ideia rechaçada por familiares, amigos e pela maioria da população argentina.

“Não foi Alberto Nisman que disparou a arma que o matou, o que necessariamente leva a concluir que ele foi vítima de homicídio”, afirmou Saenz.


Quando o corpo foi encontrado, faltava menos de um dia para que ele comparecesse perante o Congresso para detalhar a acusação, segundo a qual Kirchner tentou encobrir o suposto papel de Irã no atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994. O ataque, com um caminhão-bomba, deixou 85 mortos.

Nisman vinha conduzindo o inquérito a respeito do caso. Ele baseava sua denúncia em um acordo de entendimento assinado pela Argentina e o Irã em 2013, que, segundo o promotor, teria como objetivo encobrir os suspeitos do ataque à AMIA e estimular o intercâmbio comercial de grãos argentinos e petróleo iraniano. A denúncia foi arquivada em maio do ano passado.

Teerã negou reiteradamente qualquer envolvimento no atentado, e um juiz argentino descartou as acusações de Nisman contra a ex-presidente, considerando-as improcedentes.

A revelação de Saenz sobre o possível homicídio veio à tona em meio a uma série de mudanças realizadas desde a posse do novo presidente argentino, Mauricio Macri, em dezembro passado. Durante sua campanha eleitoral, Macri comprometeu a desvendar o mistério da morte de Nisman. (Com agências internacionais)

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