Filhos de Dirceu “estão viajando de ônibus para Curitiba”, afirma um dos mais caros criminalistas do País

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Quase sempre uma notícia jamais retrata um fato isolado, pois em suas entranhas há muito mais desdobramentos do que se possa imaginar. Quando o UCHO.INFO questiona a origem do dinheiro utilizado pelos “petroleiros” José Dirceu e João Vaccari Neto para custear advogados, os defensores se incomodam. Este site não está a questionar a competência e a lisura dos criminalistas que defendem os petistas na Operação Lava-Jato, mas apenas cobra uma explicação sobre como os investigados conseguem bancar honorários advocatícios elevados.

De acordo com notícia publicada na edição desta quarta-feira (2) do jornal “Folha de S. Paulo”, o criminalista Roberto Podval, que está à frente da defesa de José Dirceu, disse que seu cliente assumirá os erros que cometeu durante depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, marcado para a próxima sexta-feira (4). O advogado também afirmou: “Não dá para ele responder por tudo. Para se beneficiar, todos [os investigados] estão jogando a culpa nas costas dele”. A mudança de postura do petista é fruto do efeito devastador do cárcere sobre aquele que tenta driblar a lei.

O ponto fulcral da fala de Roberto Podval está na situação financeira de Dirceu, que continua negando qualquer irregularidade na relação profissional que manteve com empresas investigadas na Lava-Jato. O criminalista alegou que “um monte de gente grudou nele oferecendo favores. Agora é fácil falar ‘foi o Zé, foi o Zé’. Mas ganharam bilhões enquanto filhos de José Dirceu estão viajando de ônibus para Curitiba para visitá-lo porque estão sem dinheiro”.

Ex-chefe da Casa Civil e condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), Dirceu sabia o que estava fazendo e conhecia os riscos de seus atos. Contudo, apostou de forma desmedida na impunidade.


Em 1º de dezembro de 2005 (quinta-feira), um dia após ter o mandato de deputado federal cassado (293 votos a favor e 192 contra), por conta de seu envolvimento no escândalo do Mensalão do PT, Dirceu disse, durante entrevista na Câmara, que na segunda-feira seguinte (5/12/2005) retomaria a profissão de advogado, pois estava sem recursos para custear as despesas da filha.

Desde então, Dirceu levou uma vida farta em termos financeiros, longe do dramalhão que à época da cassação tentou aspergir sobre a opinião pública. A astúcia do ex-comissário palaciano é tamanha, que enquanto cumpria pena de prisão na Penitenciária da Papuda, em Brasília, conseguiu faturar milhões de reais com consultorias prestadas a empresas envolvidas no Petrolão.

De tal modo, há na afirmação de Roberto Podval uma discrepância inconteste. Afinal, um investigado, cujos filhos enfrentam dificuldades financeiras, como alegado, não tem condições de contratar um dos mais caros e renomados criminalistas do País. No contraponto é importante destacar que o advogado Roberto Podval sempre terá o respeito e a admiração deste noticioso.

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