Desconexa nos discursos, Dilma deveria se envergonhar das besteiras acintosas que vocifera

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Mais uma vez afundando no escândalo do Petrolão, agora por causa da delação premiada do senador Delcídio Amaral, a presidente Dilma Rousseff, que é devorada por crise política sem precedentes, viu na defesa do antecessor, o lobista-palestrante, uma forma de recuperar o apoio do Partido dos Trabalhadores.

Sem se preocupar com as consequências de suas atitudes, Dilma, desde a deflagração da Operação Aletheia, 24ª etapa da Operação Lava-Jato, na última sexta-feira (4), vem se pronunciando seguida e irresponsavelmente para defender Lula. Na própria sexta, ladeada por uma dúzia de ministros obedientes, a presidente, em pronunciamento oficial no Palácio do Planalto, afirmou: “Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um depoimento”.

No último sábado (5), a presidente da República, valendo-se do suado dinheiro do contribuinte brasileiro e ignorando o fato de que em tempos de crise o melhor é fazer economia, usou o avião presidencial para ir de Brasília a São Bernardo do Campo para fazer uma visita de solidariedade ao chefe do Petrolão. Mesmo assim, Dilma insiste em usar nos seus pronunciamentos termos como “inconformismo”, como se sua vista a Lula não fosse digna do mesmo vernáculo, desta vez usado pela parcela de bem da população

Nesta segunda-feira (7), durante evento em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Dilma voltou a defender o ex-metalúrgico, que ainda não conseguiu explicar à força-tarefa da Lava-Jato muitos assuntos, entre os quais as reformas feitas em um sítio e em um apartamento praiano. A petista classificou como “desnecessária” a condução coercitiva de Lula.

“O presidente Lula, justiça seja feita, nunca se julgou melhor do que ninguém, sempre aceitou, convidado para prestar depoimento sempre foi. Então, não tem o menor sentido conduzi-lo sob vara para prestar depoimento se ele jamais se recusou a ir”, desabafou Dilma durante entrega de unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Ainda mostrando-se indignada com a decisão da Justiça em relação ao antecessor, a presidente da República condenou a justificativa da força-tarefa da Lava-Jato, que alegou o uso da medida de condução coercitiva como forma de evitar que ocorresse um confronto entre manifestantes favoráveis e contrários a Lula, caso o depoimento fosse marcado com antecedência.

A condução coercitiva foi utilizada mais de uma centena de vezes ao longo da Lava-Jato, sem que qualquer palaciano tivesse se manifestado contra a medida. Ao mesmo tempo, nenhum integrante do governo havia, até então, condenado a condução coercitiva. A grande questão é a totalidade dos petistas acredita que Lula está acima da lei e que ninguém pode alcançá-lo, apesar de o mesmo ter sido responsável pelo período mais corrupto da história nacional.


Aproveitando o evento na importante cidade gaúcha, Dilma não perdeu a oportunidade de criticar o que chamou de “vazamentos sistemáticos” de informações.

“No Brasil, temos assistido a vazamentos sistemáticos e esses vazamentos provam, a partir de um determinado momento, que não são verdadeiros, mas o estrago de jogar lama nos outros já ocorreu”, destacou a petista.

Para quem, na condição de chefe da Casa Civil, autorizou a divulgação dos gastos do ex-casal presidencial Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Dilma mostra-se uma falsa moralista. Afinal, foi um vazamento não apenas seletivo, mas ilegal e covarde.

Diante da declaração de Dilma sobre “vazamentos sistemáticos”, não se pode esquecer que durante sua primeira campanha presidencial, em 2010, seus estafetas violaram dados fiscais de pessoas filiadas ao PSDB e ao então candidato José Serra, começando pela filha e pelo genro do atual senador tucano.

Mas Dilma, ao que parece, não se dá por satisfeita quando o cardápio é posar de vítima. Depois de mentir acintosamente durante a corrida presidencial de 2014, quando tentou vender aos incautos a ideia de que o Brasil é uma versão moderna e tropical do país de Alice, aquele das maravilhas, a presidente agora que as dificuldades enfrentadas pelo País são fruto de uma crise política provocada pela oposição.

“O Brasil está passando por um momento de dificuldades. Uma parte desse momento de dificuldades é devido também à sistemática crise política que [os opositores] provocam no país, aqueles que são inconformados que perderam as eleições e querem antecipar a eleição de 2018”, disse.

Que os petistas são dependentes do PSDB todos sabem, mas em alguns momentos essa dependência ultrapassa as fronteiras da loucura. Lula e Dilma arruinaram a economia brasileira em pouco mais de uma década, mas querem dividir o ônus com os adversários, como se esses tivessem sido eleitos para governar.

A presidente não pode esquecer que seu antecessor lançou ao vento, certa feita, o bordão “nunca antes na história deste país” para fustigar os oponentes e incensar aquilo que não fez. Portanto, querer arrastar os inimigos para o olho do furacão é sinal de quem foi tomado pelo desespero e percebeu que perdeu o jogo.

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