Aletheia: PF está perto de desvendar o paradeiro do crucifixo palaciano que Lula levou na mudança

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Durante a Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na última sexta-feira (4), a Polícia Federal conseguiu identificar o local que guarda boa parte dos objetos que rechearam a mudança que Luiz Inácio da Silva despachou de Brasília quando deixou a Presidência da República. Segundo o lobista-palestrante Lula, a mudança foi distribuída em onze contêineres, com direito a um trono africano, presente recebido pelo petista em uma das suas muitas e gazeteiras viagens ao exterior.

Na entrevista coletiva que concedeu após prestar depoimento à PF, Lula, abusando mais uma vez da sua arrogância, disse que, ao longo dos dois mandatos, recebeu muito mais presentes do que todos os presidentes brasileiros juntos, desde Floriano Peixoto. O petista foi além e afirmou que esse volume de presentes mostra que ele trabalhou muito, como se os antecessores não tivessem feito isso.

Tão presunçoso quanto insuportável, Lula ainda deve ao provo brasileiro uma explicação convincente sobre o crucifixo que adornava o gabinete presidencial do palácio do Planalto, levado pelo ex-metalúrgico sobre a desculpa de que se tratava de presente recebido de amigo. A esperança é que a PF consiga localizar o tal crucifixo, que é patrimônio público e cujo surrupio foi marcado por explicações pífias e desencontradas.

Semanas após Lula ter deixado o governo, o UCHO.INFO cobrou explicações sobre o fato de o gabinete ocupado por Dilma Rousseff não mais ostentar um exemplar da Bíblia e o tal crucifixo. Então ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, a jornalista helena Chagas informou, por meio de postagens na conta que mantém no Twitter, que os dois objetos continuavam no mesmo local.

Afirmou Helena Chagas, como é possível conferir nas imagens abaixo, que “a peça é do ex-presidente Lula e que foi na mudança”. Em outra postagem, a ministra informa que o crucifixo é de origem portuguesa e foi presenteado a Lula por um amigo.

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Considerando que a nota enviada à época pela assessoria de Dilma era verdadeira – e a ministra Helena Chagas estava agindo dessa forma – naquele momento o UCHO.INFO preferiu acreditar que sim –, alguém do governo precisa explicar o fato de o tal crucifixo estar em foto do então presidente Itamar Franco no mesmo gabinete presidencial. A mencionada imagem está disponível na rede mundial de computadores, que serviu de palco para uma campanha batizada como “Devolve, Lula!”.

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Como noticiou este noticioso em matérias anteriores, há nesse caso três hipóteses. A primeira delas, mencionada acima, é que Dilma Rousseff, que se viu em apuros com a comunidade cristã por ter defendido a legalização do aborto, tentou evitar nova rota de colisão com os seguidores do Cristianismo. E por conta disso usou a desculpa de que Lula teria levado o crucifixo como forma de justificar o sumiço da peça decorativa de seu gabinete.

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A segunda hipótese é que Lula pode ter se apropriado de um patrimônio público, o que, fosse o Brasil um país sério, já teria rendido um ruidoso inquérito policial. Se a suposta apropriação indébita de fato ocorreu, está explicado o tamanho da mudança do outrora primeiro-casal, que despachou de Brasília para São Bernardo do Campo, no Grande ABC, nada menos do que dez caminhões com objetos pessoais, presentes recebidos durante os dois mandatos e outras tantas quinquilharias.

Há quem garanta, inclusive, que presentes e joias ofertados por estadistas estrangeiros, devida e legalmente incorporados ao acervo da Presidência da República, agora repousam no duplex que o arrogante Lula mantém na cidade da Grande São Paulo, berço do sindicalismo nacional.

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A terceira hipótese, a mais absurda delas, é que pode existir no Brasil um santeiro com boas relações palacianas, que presenteia os presidentes da República sempre com o mesmo crucifixo. E nesse rol de agraciados com o mimo está o ex-presidente Itamar Franco, o único que deve ser respeitado por sua conduta, sem direito a reparos.

Sumiço investigado

Em outubro de 2015, autoridades decidiram abrir processo contra Lula para saber se o agora lobista-palestrante levou para casa, quando deixou a Presidência da República, algum objeto dos palácios ou que foram doados ao Estado brasileiro na pessoa do chefe do Executivo federal. Inicialmente a ação foi aberta apenas contra Lula, mas a tese do “politicamente correto” levou o Ministério Público Federal estender a investigação aos ex-presidentes Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, sob a alegação de “possível apropriação indevida de bens públicos”.

Collor, FHC, Lula e o espólio de Itamar Franco foram intimados e tinham até o final de outubro do ano passado para apresentar as respectivas defesas, ocasião em que puderam esclarecer eventual apropriação indébita de objetos “entregues por Estados estrangeiros em encontros diplomáticos e outros de natureza pública e institucional” que pertencem “à República Federativa do Brasil”. Ou seja, , o MP deseja saber se os ex-presidentes se valeram da folclórica “mão leve”.

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Os advogados de Lula alegaram que a Lei nº 8.394, de 1991, estabelece que “documentos que constituem o acervo presidencial privado” são “de propriedade do Presidente da República, inclusive para fins de herança, doação ou venda”. Ao final de cada governo, um órgão oficial especializado cataloga, empacota os objetos e os entrega ao ex-presidente para que preserve-os em outro local ou dê aos mesmos a destinação que quiser.

Como não poderia ser diferente, até porque espelhar-se nos antecessores tornou-se uma especialidade petista, os advogados do ex-metalúrgico alegaram na defesa que outros ex-presidentes também levaram para casa – ou para institutos – objetos recebidos ao longo dos mandatos. Com base nessa tese utópica e rasteira, mas que funciona como desculpa esfarrapada para os “companheiros”, os defensores de Lula pediram o arquivamento da ação, mas o MP preferiu estender a investigação a todos os que exerceram seus mandatos presidenciais depois de 1991, ano em que a chamada “lei dos arquivos” foi editada.

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