Lava-Jato: Janot pede a abertura do 7º inquérito contra Calheiros, que teme a delação de Delcídio

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No escalão dos outrora intocáveis políticos brasileiros, na seara da Operação Lava-Jato coube a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda presidente da Câmara dos Deputados, puxar a fila dos que estão na mira do Supremo Tribunal Federal.

Nesta sexta-feira (11), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao STF pedido para a abertura do sétimo inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL), que já admitiu a possibilidade de ser preso a qualquer momento, visto o que aconteceu com o lobista-palestrante Lula, conduzido coercitivamente para depor. A decisão sobre a abertura de inquérito depende do ministro Teori Zavascki, relator no STF dos processos da operação que desmontou o Petrolão.

Janot quer descobrir se o presidente do Senado Federal cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base nas suspeitas levantadas pelo delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. Para o procurador-geral, houve “repasse, de forma oculta e disfarçada” de vantagem pecuniária indevida ao senador peemedebista.

Por meio da assessoria, Calheiros afirmou que “reitera que é zero a chance de ter participado ou cometido irregularidades”. O parlamentar “reafirma também que não conhece a pessoa mencionada como Ceará” nem o doleiro Alberto Yousseff, o principal delator da Operação Lava-Jato.

Ceará afirmou em depoimento que, entre 2009 e 2014 – ele não se recorda exatamente em qual ano – “houve um movimento no Congresso Nacional para instalação de uma CPI da Petrobras” e que ouviu Yousseff dizer que daria R$ 2 milhões a Renan para evitar o pior.

O delator revelou aos integrantes da força-tarefa que, entre janeiro e fevereiro de 2014, Youssef solicitou que apanhasse R$ 1 milhão em Recife (PE) e entregasse para Renan em Maceió. O dinheiro seria parte de dívida da construtora Camargo Corrêa com Youssef.


Enquanto Renan nega as acusações, a Procuradoria da República se debruça cada vez mais sobre a delação de Delcídio Amaral, que ainda depende de homologação do STF.

Se existe entre os investigados alguém que conhece em detalhes os bastidores do Petrolão, essa pessoa é Delcídio, que foi diretor da Petrobras, conviveu proximamente com José Janene, o mentor do esquema de corrupção, e foi líder do governo Dilma no Senado.

Semanas após a deflagração da Operação Lava-Jato, que no próximo dia 17 completa dois anos, Delcídio e Renan trocaram farpas publicamente, mas o entrevero perdeu força, para a sorte dos envolvidos. Apesar das acusações mútuas de envolvimento no esquema terem caído no esquecimento, a porção colérica do embate não se desfez.

Flagrado pela PF em conversa nada republicana com Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, Delcídio sabe muito sobre o escândalo de corrupção e não cairá sozinho, como afirmou o UCHO.INFO desde os primeiros momentos após a prisão do senador.

A delação de Delcídio é uma bomba-relógio e há de explodir no colo dos principais envolvidos na roubalheira que durante dez anos correu solta na estatal. Por isso alguns políticos deixaram de dormir depois que surgiu a notícia da colaboração premiada do parlamentar, negada no primeiro momento por seus advogados, mas confirmada por este site desde o desenrolar do imbróglio.

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