Saída de Matarazzo do PSDB surpreende tucanos e expõe a cizânia míope gestada por Alckmin

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Ultrapassa as barreiras do bom senso imaginar que São Paulo, a mais importante cidade brasileira e a sexta maior do planeta em termos de população, segue como palco de uma indefinição político-eleitoral sem precedentes na sua história.

Não há como negar que a capital paulista é a principal vitrine do País, além de ser o centro das decisões econômico-financeiras que decidem o futuro da nação, mas é inaceitável, para não dizer que é ultrajante, o nível de alguns políticos que devem concorrer, em outubro próximo, à prefeitura paulistana.

Ainda não há confirmação oficial dos nomes dos candidatos, até porque a legislação eleitoral não permite, mas são considerados como no páreo o atual prefeito Fernando Haddad (PT), o deputado federal e apresentador Celso Russomanno (PRB), a senadora Marta Suplicy (PMDB), o empresário e lobista João Dória Jr. e o vereador Angelo Andrea Matarazzo (PSD).

Matarazzo deveria participar de noiva rodada da prévia do PSDB, marcada para este final de semana, mas as manobras do diretório estadual do partido, comandado nos bastidores pelo governador Geraldo Alckmin, levaram o vereador a deixar o partido no último dia da chamada “janela eleitoral”, período em que políticos podem mudar de partido.

A decisão de Andrea Matarazzo não apenas o faz como potencial candidato à prefeitura pelo PSD, seu novo partido, mas mostra de forma clara que é suicida a estratégia de Alckmin de apoiar Dória Jr., indispondo-se com muitos tucanos de fina plumagem e dos quais mais adiante o governador paulista poderá precisar.

Geraldo Alckmin, que é bem avaliado na parcela iludida da população por conta do seu semblante típico de “contínuo de sacristia”, é um político indeciso que mescla incompetência com covardia. Muitos hão de sair em sua defesa, o que á natural, pois o marketing de Alckmin funciona bem, mas é fácil ser governador de um estado com a pujança de São Paulo. Resta saber se seria bom como governador no Maranhão, o mais miserável dos estados brasileiros. Por isso a sua aludida competência merece um momento de reflexão.


Alckmin está pensando em 2018 e por isso vem tomando atitudes inexplicáveis. Ciente de que se quiser participar da corrida ao Palácio do Planalto terá de enfrentar uma briga de foice com Aécio Neves e José Serra, o governador aposta em Dória como forma de fazer caixa para a campanha presidencial. O que pode ser absurdo para muitos tem explicação: Dória lidera um grupo de empresários pesos-pesados acostumados à adulação de políticos. Eis o mapa da mina

A covardia de Geraldo Alckmin está na sua pouca disposição para punir os que se envolvem em casos de corrupção ou são suspeitos de tê-la praticado. No caso dos trens do Metrô e da CPTM, que continua no Ministério Público Estadual, Alckmin criou uma comissão externa de investigação e prometeu punir exemplarmente, no âmbito administrativo, qualquer colaborador flagrado no esquema criminoso. A tal comissão, custeada com o suado dinheiro do contribuinte, foi anunciada com pompa e circunstância no Palácio dos Bandeirantes, mas até agora não se conhece qualquer resultado. Ou seja, Alckmin protegeu mais uma vez os seus iguais.

Mas a covardia de Alckmin não para por aí. Recentemente, o chefe da Casa Civil do governo paulista, Edson Aparecido, tucano de longa data, foi acusado de enriquecimento ilícito. O caso envolve um imóvel de luxo comprado por preço abaixo do mercado, nas o secretário alega que o mesmo foi adquirido quando não estava no governo. Carente de valentia política, Alckmin engoliu a desculpa, como se para integrar um governo fosse preciso apenas retidão no setor público. Fosse assim, Fernandinho Beira-Mar poderia ser secretário de Administração Penitenciária.

Enquanto na Presidência da república, o finado Itamar Franco não pensou duas vezes para afastar Henrique Hargreaves da chefia da Casa Civil. Amigo de longa data de Itamar, o mineiro Hargreaves foi acusado de corrupção passiva. à época, o presidente afastou temporariamente o chefe da Casa Civil, como forma de não macular o governo e preservar o currículo do amigo como homem público. Com carta branca para investigar, a Polícia Federal nada encontrou contra Henrique Hargreaves, que voltou ao cargo mais forte do que antes. Ou seja, Alckmin é desprovido de coragem e de traquejo político.

Diante da bizarrice totalitarista cometida pelo governador, que interferiu no diretório estadual do PSDB e impôs João Dória Jr. como candidato oficial do partido à prefeitura de São Paulo, a melhor resposta a Alckmin que pode ser dada aos paulistanos é despejar voto em Andrea Matarazzo. Até porque, no rastro dessa barafunda política em que se transformou o Brasil, os candidatos profissionais merece um “voto castigo”, desde que não seja de protesto, pois ninguém merece outros “Tiriricas”.

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