Desemprego avança e atinge 9,5% no trimestre; é o maior nível registrado pela pesquisa do IBGE

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil atingiu, em média, 9,5% no trimestre encerrado em janeiro. É o maior nível registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012. Esse resultado ficou acima do registrado no mesmo trimestre do ano anterior, de 6,8%, e superou também o do trimestre encerrado em outubro do ano passado, quando foi de 9%.

O número de desempregados chega a 9,6 milhões de pessoas, o que representa uma alta de 6%, ou 545 mil pessoas, em relação ao trimestre de agosto a outubro de 2015. No confronto com igual trimestre do ano passado, o número subiu 42,3%, o que representa 2,9 milhões de pessoas.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mensal. Ela usa dados de trimestres móveis, isto é, de três meses até a pesquisa. Na de janeiro, foram usadas informações de novembro, dezembro e janeiro.

Conforme a pesquisa, a população ocupada somou 91,7 milhões de pessoas, queda de 0,7% quando comparada com o trimestre de agosto a outubro do ano passado. Em comparação com igual trimestre de 2015, foi registrada queda de 1,1%, de acordo com o instituto.

O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. A Pnad Contínua usa dados de 211.344 domicílios particulares permanentes distribuídos em cerca de 3.500 municípios.

O número de trabalhadores com carteira assinada também caiu 3,6% no trimestre até janeiro, em comparação com o mesmo período de 2014, o que representa 1,3 milhão de pessoas a menos.

Segundo o IBGE, em comparação com o trimestre encerrado em outubro, o número de carteiras ficou estável.

O rendimento médio real dos trabalhadores, que é ajustado pela inflação, foi de R$ 1.939, menor do que o no mesmo período de 2014 (R$ 1.988). O rendimento é menor também do que o registrado no trimestre encerrado em outubro (R$ 1.948). Este último resultado, porém, é considerado estável pelo IBGE.


O Brasil fechou o ano passado com 8,6 milhões de desempregados, em média, o que representa um aumento de 27,4% na comparação com o ano anterior, quando eram 6,7 milhões.

Com isso, o nível de desemprego registrado em 2015 foi de, em média, 8,5%, maior nível anual registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012. Em 2014, o nível médio de desemprego havia sido de 6,8%.

Analistas consideram que o mercado de trabalho deve deteriorar ainda mais ao longo de 2016, dada a expectativa de profunda retração da economia.

A Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta que a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) sofra contração de 3,6% em 2016, depois de despencar 3,8% em 2015.

O cenário de grave crise política enfraquece ainda mais a confiança de forma generalizada, afetando as decisões de investimento e contratações. “A expectativa é de que as condições do mercado de trabalho se deteriorem mais, com a taxa de desemprego alcançando dois dígitos no curto prazo, dada a expectativa de que a economia tenha outra profunda contração em 2016”, ressaltou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

O IBGE divulga mais duas pesquisas com dados de desemprego, mas vai manter apenas a Pnad Contínua mensal, que é nacional.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mede a taxa mês a mês, com base em seis regiões metropolitanas: Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A última divulgação da PME foi neste mês e indicou que o desemprego atingiu 8,2% em fevereiro.

A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) foi divulgada até fevereiro e, depois, encerrada. Segundo ela, o número de trabalhadores na indústria em 2015 caiu 6,2%, quarto ano seguido de queda e o maior tombo desde 2002, quando a pesquisa começou a ser feita.

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