Após desembarque do PMDB, partidos do “centrão” sinalizam que também deixarão a base do governo

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Como em um efeito dominó, o desembarque por “aclamação” do PMDB da base de sustentação do governo, nesta terça-feira (29), levou partidos do chamado “centrão” a emitirem sinais mais fortes de que também poderão optar pela ruptura.

O PSD, que tem como presidente Gilberto Kassab, atual ministro das Cidades, decidiu liberar seus 31 deputados para votar como quiserem em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O PP, que comanda o Ministério da Integração Nacional, cogita fazer o mesmo, mas a decisão será tomada na quarta-feira (30) em reunião com o presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira (PI).

Pelos cálculos de lideranças do PSD, de 70% a 80% da bancada na Câmara deve votar a favor do impeachment. O cálculo foi feito antes da saída de ministros do PMDB e do anúncio prévio de que o desembarque seria aprovado por aclamação.

No PP, Ciro Nogueira admite que não terá como segurar suas bancadas na Câmara e Senado, principalmente após o desembarque do principal aliado do governo petista. Na última semana, o partido já tinha informado a presidente Dilma Rousseff sobre essa dificuldade.

Pelos cálculos da direção da sigla, dos 49 deputados, pelo menos 15 são declaradamente a favor do impeachment e outros 35 “aguardam” definição oficial da presidência da legenda sobre como votar. “Só conseguimos garantir os 35 votos para o governo se for para o governo ganhar. Se for para perder, não conseguimos”, declarou um interlocutor de Ciro.


Na semana anterior, parlamentares do PP pró-impeachment entregaram ao presidente do partido uma lista com assinaturas de 22 deputados e de quatro dos seis senadores, pedindo a antecipação da convenção nacional da legenda, para votar o desembarque. Ele prometeu marcar uma nova reunião das bancadas para tratar do assunto. O dirigente diz que quer “ganhar tempo” e só deixar uma decisão oficial sobre rompimento para depois que outros partidos anunciarem o desembarque.

Após a reunião do PMDB desta terça-feira, os partidos do “centrão” reuniram-se para avaliar como se posicionar. Assim como o PP e o PSD, o PR deve se reunir para alinhar um discurso. Apesar de mais da metade dos 40 deputados do PR defender o impeachment, o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, que é do partido, diz que, se depender dele, a sigla “não sai do governo de jeito nenhum”.

“Eu não saio do governo, faço parte do governo Dilma”, afirmou o ministro, acrescentando que vai trabalhar para convencer o partido a ficar na base. Ele ressalta que o PR tem vários cargos no governo Dilma e não seria correto abandoná-lo agora.

No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o PTB só deve tomar qualquer decisão de liberar a bancada ou desembarcar após o deputado Jovair Arantes (GO) apresentar seu relatório na comissão do impeachment.

Apesar de, nos bastidores, a maioria dos 19 deputados do PTB ser pró-afastamento da presidente Dilma Rousseff, a sigla quer evitar que qualquer decisão da bancada levante suspeita sobre o trabalho do relator do impeachment, que é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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