Agência Internacional de Energia Atômica alerta para o risco de terrorismo nuclear

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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, alertou nesta quinta-feira (31) que o mundo precisa fazer mais para prevenir o “terrorismo nuclear”. Ele disse que a possibilidade da utilização de material nuclear por terroristas “não deve ser descartada”.

“Os Estados-membros [da AIEA] devem ter interesse real em reforçar a segurança nuclear”, afirmou, em entrevista à agência de notícias AFP, ressaltando que o maior perigo está nos países que não reconhecem esses riscos.

As declarações de Amano foram dadas pouco antes de uma conferência de cerca de cinquenta líderes mundiais iniciada nesta quinta-feira em Washington, com o intuito de garantir que o material em cerca de mil instalações nucleares ao redor do planeta esteja seguro.

Os temores aumentaram em dezembro, durante uma investigação da polícia da Bélgica sobre os ataques terroristas em Paris. Os policiais encontraram vídeos com dez horas de filmagem de uma câmera escondida em frente à casa de uma autoridade nuclear belga. O material foi encontrado na propriedade de Mohamed Bakkali, preso na Bélgica por associação aos terroristas que executaram os atentados em Paris.

Um jornal belga chegou a afirmar que o equipamento teria sido coletado pelos irmãos Ibrahim e Khalid El Bakraoui, dois dos terroristas suicidas responsáveis pelos atentados em Bruxelas na semana passada.


“Bombas sujas”

A conferência em Washington resulta de um processo iniciado pelo presidente americano, Barack Obama, em 2009, e dá sequência a outras reuniões sobre o tema realizadas em Seul, em 2012, e Haia, em 2014.

Especialistas observam que avanços significativos foram alcançados, com alguns países reduzindo seus estoques de material nuclear. Neste mês, o Japão devolverá aos Estados Unidos uma quantidade de plutônio suficiente para fabricar 50 bombas nucleares.

Para produzir apenas uma bomba, uma quantidade de plutônio equivalente ao tamanho de uma toranja (fruto resultante do cruzamento de pomelo com laranja) pode ser suficiente. Amano ressalta que “não é impossível” que extremistas consigam fabricar dispositivos “primitivos”, uma vez que estejam em posse do material.

“Esta é uma tecnologia considerada antiquada nos dias atuais, e os terroristas de hoje em dia possuem os meios, o conhecimento e a informação”, alertou. O risco mais provável, segundo o diretor-geral da AIEA, seria a fabricação da chamada “bomba suja”, na qual são usados explosivos convencionais para dispersar material radiativo. (Com agências internacionais)

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