Chegada de Jucá ao comando do PMDB foi estratégica e assustou o PT palaciano

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Se o PMDB errou ao romper com o governo de Dilma Rousseff antes da hora – o melhor seria desembarcar em 12 de abril –, acertou e recuperou terreno com a chegada de Romero Jucá à presidência nacional da legenda, em substituição ao licenciado Michel Temer, vice-presidente da República.

Como noticiou o UCHO.INFO em matéria anterior, a decisão de Temer foi estratégica e deu um nó no plano palaciano de impedir o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Habilidoso como político e experiente como líder partidário e de governo, Jucá cumpriu a promessa e tratou do assunto em discurso recheado de apartes no plenário do Senado. Foi o suficiente para incendiar os senadores da oposição e abrir os olhos dos indecisos em relação ao impedimento da presidente da República.

Romero Jucá não poupou crítica ao governo acéfalo de Dilma Rousseff, mas reconheceu que o seu partido foi parceiro do PT nos últimos treze anos, período em que o Brasil experimentou um céu de mentira e a realidade do inferno. Isso porque a política econômica adotada pelo PT, sempre criticada por este noticioso, foi a mola propulsora para que chegássemos ao caos que se instalou no País sem qualquer tipo de distinção.

A fala de Jucá foi recebida com loas pela oposição, o que já era esperado, mas suscitou a ira dos governistas, em especial dos “companheiros” do PT. Sem ter orador qualificado no Senado Federal, o PT precisou se esforçar para defender, mesmo que minimamente, o partido e o governo decadente de Dilma Rousseff.

A investida contra o novo presidente do PMDB começou com a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que não conseguiu manter o discurso agressivo por muito tempo. Mesmo discorrendo sobre os cargos que o novo presidente do PMDB tem no governo, foi desmontada rapidamente por Romero Jucá. E a petista preferiu não avançar, pois sua difícil situação no escopo da Operação Lava-Jato poderia em algum momento ser lembrada no embate discursivo.


Falando em construir uma saída urgente para o Brasil e reforçando a necessidade de se discutir politicamente a situação enfrentada pela população, Jucá, bom orador que é, foi aparteado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), que não conseguiu esconder seu nervosismo e contrariedade diante das críticas duras do novo presidente do PMDB.

Viana, que mostrou não ter condições de enfrentar um debate na condição de potencial perdedor, passou a desfiar os números da economia da era petista e compará-los aos do período de FHC, como se isso servisse para aplacar o desejo de mudança imediata que moce os brasileiros de bem.

Se em termos econômicos o agora lobista-palestrante Lula conseguiu a proeza de cavar a cova onde seria enterrado o Brasil, à presidente Dilma coube a missão de colocar a derradeira pá de cal na sepultura onde jaz uma nação que há décadas é tida como do futuro, sem que esse se apresente de fato.

No contraponto é impossível deixar de reconhecer que no cenário político atual, decadente e desprovido de credibilidade, o PMDB alterna de lado de acordo com a conveniência partidária, que agora tem na mira o principal gabinete do Palácio do Planalto, mesmo que os próceres peemedebistas neguem esse desejo explícito.

A chegada de Jucá à proa do PMDB ratificou a nossa afirmação de que se tratava de manobra estratégica capaz de comprometer o escambo político que está sendo operado por Lula nos bastidores a mando da presidente da República, que para preservar o cargo não mais se importa com a perda do poder. Os petistas sabem que uma derrota na Câmara dos Deputados será fatal para Dilma e para o partido, por isso as negociações têm sido acintosas e com números financeiros cada vez maiores. A grande questão é que a fala de Romero Jucá já começou a reverberar na Câmara dos Deputados, onde o pedido de impeachment enfrenta o primeiro round.

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