“Panama Papers”: sede da UEFA é alvo da polícia suíça por causa de contrato suspeito

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A sede da UEFA, em Nyon, na Suíça, foi alvo de uma ação da polícia federal daquele país, nesta quarta-feira (6), por causa do contrato entre a entidade que rege o futebol europeu e a empresa Cross Trading, citado no escândalo do “Panama Papers”.

O vínculo teve a assinatura de Gianni Infantino, atual presidente FIFA e então responsável pelos assuntos legais da associação europeia. “A UEFA pode confirmar que hoje nós recebemos uma visita de oficiais da polícia federal suíça agindo sob um mandado e solicitando vista dos contratos entre UEFA e Cross Trading/Teleamazonas. Naturalmente, a UEFA está fornecendo à polícia federal todos os documentos relevantes em nossa posse e cooperando completamente”, ressaltou a entidade em nota.

Um pouco antes, a UEFA divulgou comunicado afirmando estar “consternada por certas matérias na mídia sugerindo que pode ter havido conduta indesejável ou imprópria em conexão com um contrato de direitos de transmissão televisiva celebrado com uma empresa com sede no Equador em 2006”.

“Para registrar, e como repetidamente explicou aos meios de comunicação, nunca houve qualquer sugestão de que nada impróprio ocorreu. Estas explicações foram encaminhadas à imprensa de uma forma clara, razoável e perfeitamente transparente. Por isso, é ainda mais lamentável que, apesar das explicações dadas, algumas seções da mídia optaram por deturpar assuntos e enganar o público, sugerindo ou implicando o contrário”, continuou a UEFA.

Na terça-feira (5), o jornal britânico “The Guardian” afirmou que documentos referentes a acordos de transmissão de TV das competições da UEFA para a América do Sul, em 2006, acabaram negociados por uma offshore com a Cross Trading, empresa que foi vendida meses depois por um valor muito acima do mercado.


Infantino, que é atual presidente da FIFA, foi um dos dirigentes que assinaram os contratos. Ele era o responsável por assuntos legais da UEFA.

A Cross Trading era ligada a Hugo Jinkis, empresário que se entregou à justiça dos EUA pela relação ao caso de corrupção na FIFA. O argentino foi acusado de pagar propinas e grandes quantias milionárias para ganhar preferência nas negociações pelos direitos de transmissão de grandes competições, como a Copa do Mundo.

A empresa com a qual Infantino negociou ainda na Uefa era registrada em um paraíso fiscal na região do Pacífico Sul. Três meses depois de adquirir os direitos por US$ 111 mil, a Cross Trading revendeu os direitos para a Teleamazonas por US$ 311,17 mil. Estes documentos associando Jinkis à UEFA, os quais foram expostos no escândalo do “Panama Papers”, contam com a assinatura de Infantino.

As empresas ligadas a Jinkis, ao lado da Traffic, se tornaram as mais importantes no caso de corrupção da FIFA, que resultou na saída do presidente Joseph Blatter e na prisão de nomes importantes como o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.

A Cross Trading está envolvida no “Panama Papers” por conta da ligação com o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, principal centro do escândalo de evasão fiscal que surpreendeu o com mais de 11 milhões de contas vazadas.

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