Lava-Jato: Gleisi usa parecer da PGR pela nulidade de indiciamento para “vender” falsa inocência

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Enrascada no Petrolão, investigada na Operação Lava-Jato, acusada por delatores de ter recebido R$ 1 milhão em propina no esquema da Petrobras e investigada na Operação Pixuleco II, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) tenta minimizar o estrago em seu currículo político com um parecer pontual do procurador-geral da República.

Nesta quinta-feira (14), o procurador Rodrigo Janot emitiu parecer pela nulidade do indiciamento feito pela Polícia Federal, no escopo da Lava-Jato, de Gleisi e do seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (do Planejamento e das Comunicações).

Na opinião de Janot, os inquéritos criminais que tramitam no STF, por conta de foro especial por prerrogativa de função, não têm espaço para tal ato [indiciamento]. “Alia-se à irrelevância jurídica do indiciamento sua inutilidade para qualquer outro fim que não seja o de estigmatizar o investigado”, destaca o procurador em parecer.

Entre o que grafou o procurador-geral em seu parecer e o que bradou a senadora petista no plenário do Senado, nesta quinta-feira, há uma clara e enorme distância. Janot defendeu a nulidade do indiciamento, enquanto Gleisi deu a entender que o mesmo fora anulado.

Em termos técnicos, o indiciamento representa a conclusão da autoridade policial, no caso do delegado da PF, no âmbito das suspeitas que pairam sobre o investigado. De tal modo, o indiciamento precede o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, que pode seguir ou não as conclusões da Polícia Federal.


Ao longo das investigações da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal concluiu haver indícios suficientes de que Gleisi Hoffmann, com a ajuda do marido, foi beneficiada com repasse no valor de R$ 1 milhão, dinheiro oriundo do esquema do Petrolão e pago a pedido de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e viabilizado pelo doleiro Alberto Youssef. Integrantes do principal grupo de delatores da Lava-Jato, Costa e Youssef confirmaram, em depoimento de colaboração premiada, que o dinheiro foi usado para reforçar o caixa da campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.

Por questões óbvias, até porque ninguém é obrigado a produzir provas contra si, Gleisi negou a acusação e acionou o STF para derrubar o indiciamento e pedir ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão (já mostrou a que veio), para cobrar da Polícia Federal explicações sobre o ato que a petista considerou um absurdo.

Gleisi sabe que sua carreira política está por um fio, mas apela ao mimetismo oportunista para confundir a opinião pública e continuar “vendendo” a ideia de que é uma injustiçada e que a Polícia Federal quer apenas e tão somente expô-la.

A senadora pode externar livremente o seu pensamento, até porque a Constituição Federal garante esse direito, mas alguém que nomeia um pedófilo, condenado a mais de 100 anos de prisão, não precisa de um indiciamento por corrupção, por parte da Polícia Federal, para ser exposta publicamente.

Pela importância que tem no conjunto federativo nacional, o estado Paraná deveria ter representantes mais gabaritados no Senado da República. Com a devida licença da velha máxima sobre governantes, cada povo tem o senador que merece. Quando o cidadão for às urnas ciente de que o simples acionar de um botão, se feito de forma irresponsável, pode implodir uma nação, por certo o Brasil começará a enxergar um horizonte menos carrancudo e desanimador.

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