Impeachment: resultado de votação mostra a fraqueza de um governo que perdeu a legitimidade

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O placar da votação do pedido de impeachment (367 a 137) no plenário da Câmara dos Deputados mostrou não apenas que os parlamentares decidiram ouvir a voz das ruas, mas principalmente a fraqueza de um governo que perdeu a legitimidade 3 não pode mais decidir os futuros do País.

Durante as negociações que ocorreram ao longo da última semana no quarto de hotel que foi transformado em lupanar político do Palácio do Planalto, o governo e seus aduladores cantavam vitória aos quatro cantos, acusando os defensores do impedimento da presidente da República de não terem uma lista de apoiadores para exibir à opinião pública. Quem conhece as entranhas da política nacional consegue interpretar pequenos movimentos dos seus atores, o que permite traçar um diagnóstico do momento.

Quando Luiz Inácio da Silva, o rufião político de Dilma Rousseff, decidiu retornar a Brasília, às pressas, no domingo (17), ficou claro que a derrota do governo era uma questão de pouco tempo, como antecipou o UCHO.INFO em matéria levada ao ar horas antes do início da votação.

O desespero que se instalou no cerne do governo foi aumentando com o passar do tempo e exigiu dos palacianos a adoção de estratégias tão arriscadas quanto impensadas. A tentativa de enxertar no processo levado ao plenário da Câmara o pedido de impeachment de Michel Temer, sem que o mesmo tivesse cumprido o rito legal, foi o segundo sinal evidente de fraqueza.


A terceira digital da derrota veio à tona quando o núcleo duro do governo, antes do início da votação propriamente dita, apostou na abstenção como forma de evitar uma derrota ainda maior. Ao perceber que as presenças em plenário, registradas no placar eletrônico, eram em número suficiente para garantir a aprovação da matéria, ao governo não restou alternativa, que não autorizar parte da base aliada, oficiosamente ausente, a dar o ar da graça e se preparar para o pior.

O fracasso do governo foi muito além da admissibilidade do processo de impeachment, pois Dilma, mesmo com a caneta presidencial e a máquina estatal nas mãos, não conseguiu ao menos garantir um placar minimamente melhor. Em qualquer democracia razoavelmente séria, um governo sem maioria no Parlamento já teria acabado há muito tempo.

Venceu-se a primeira batalha, importantíssima é bom frisar, mas a guerra ainda está em curso, devendo a população pressionar os senadores para que o processo seja julgado o quanto antes, pois o Brasil continua acéfalo e desgovernado em meio a uma crise múltipla e sem precedentes.

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