Líder do PPS na Câmara diz que não há como chamar de golpe uma decisão tomada pelo voto

rubens_bueno_1001

O líder do PPS na Câmara dos Deputados, o deputado federal Rubens Bueno (PR) afirmou nesta segunda-feira (18) que não tem qualquer fundamento o discurso de petistas e seus poucos aliados de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff é golpe. Para ele, quem insiste nessa tese mesmo após aprovação pela Câmara da continuidade do processo só pode estar sugerindo que se casse o direito de voto dos deputados, ato tipicamente de uma ditadura e daqueles que não sabem conviver com a democracia.

“Como alguém pode chamar de golpe uma decisão, no voto, onde, de 513 deputados, 367 votaram com a certeza de que o impeachment de Dilma é necessário. Ninguém da oposição está ameaçando, obrigando ou mesmo pagando brasileiros para que eles saiam para as ruas para protestar contra o governo”, ressaltou o parlamentar em discurso da tribuna da Câmara.

O líder frisou também que o PPS é um partido do campo da esquerda que não se confunde com a esquerda que está no poder. “Somos da esquerda democrática, do convencimento, do diálogo, e que não prega luta armada, bordoadas e muito menos a divisão de um país. Agimos, e continuaremos agindo, ao contrário do que faz o PT hoje”, reforçou.

“Desde o princípio rechaçamos veementemente a acusação de que defender o impeachment é golpe. Dilma alcançou um feito: é a presidente mais impopular do Brasil e cometeu inúmeros crimes de responsabilidade. A nossa Constituição garante este instrumento, grave, mas necessário para o momento por que passamos”.


Rubens Bueno destacou ainda a clareza de posições do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), que junto com bancada acompanhou desde o início a discussão em torno do pedido de impeachment da presidente da República apresentado pelo fundador do PT, Hélio Bicudo, e pelos juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.

Após a vitória da Câmara, o julgamento de Dilma passa para o Senado, que recebeu nesta segunda-feira a decisão dos parlamentares. Em 10 dias ou pouco mais ela pode ser afastada do cargo. “Estamos diante do debate maior: que país queremos? O processo de impeachment é o momento determinante para esta resposta. Os senadores precisam ter o compromisso, assim como fez a Câmara, de não faltar com o povo brasileiro”, defendeu o líder do PPS.

O caminho do impeachment

Rubens relembrou ainda que o resultado das eleições presidenciais de 2014 já anunciava que o futuro do Brasil não seria fácil. Depois de uma disputa marcada pelo jogo sujo, por mentiras e por um estelionato eleitoral jamais visto no país, era dever da oposição, ressalta Rubens Bueno, alertar a sociedade e redobrar a fiscalização do governo. “Continuaríamos com uma presidente desgastada, incompetente e cercada por um gigantesco esquema de corrupção. Dilma Rousseff era a crise anunciada”.

A crise rompeu nos primeiros dias de seu mandato, contaminando não só o meio político, mas arruinando as finanças públicas e a economia do país. Começou com a escalada dos juros e da inflação. “Um governo, que na campanha acusou os adversários de conluio com os bancos, aumentou oito vezes a taxa básica de juros até agora. O prenúncio era péssimo e a Operação Lava Jato, com a revelação das entranhas da corrupção petista, apontava para anos turbulentos”, continuou o líder do PPS.

Desde o início desse processo, o PPS sua bancada batalharam pela instalação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Mesmo com o Supremo Tribunal Federal (STF) anulando alguns passos dados pela Câmara, como a eleição de uma comissão especial formada por maioria de parlamentares da oposição e dissidentes da base do Planalto, não esmoreceram. “Partimos para o campo aberto da democracia, para o convencimento e estamos vencendo”, afirmou.

apoio_04