Temer monta equipe com base na fisiologia e mostra que novo governo será mais do mesmo

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Ainda vice-presidente da República e a um passo de suceder Dilma Rousseff no cargo, Michel Temer, lamentavelmente, “é o que temos para hoje”, com prega o palavrório informal do cotidiano. Em termos políticos, Temer está dando mostras de que é mais do mesmo. Não se trata de comparar Temer com Dilma, mas de não alimentar uma falsa esperança por dias melhores.

O Brasil vive possivelmente a maior crise de sua história, o exige mudanças radicais e responsáveis por parte dos governantes, mas Michel Temer não esconde que é adepto do chamado presidencialismo de coalizão, nome pomposo inventado para explicar o loteamento da corrupção.

Nesse momento de agruras e de necessidade de inovação responsável, o melhor seria formar uma equipe ministerial com especialistas e, diante da questão política, com pessoas detentoras de ficha limpa. Agindo na contramão da lógica – e também do que esperam os brasileiros de bem – Temer começa a montar o quebra-cabeça de seu eventual governo com peças que não convencem.

Quando integrantes do atual governo começaram a desembarcar da base aliada, ficou claro que as ratazanas apenas mudariam de endereço. Quiçá passariam a servir a novo senhor. O tempo passou com certa celeridade e o que se vê agora é a repetição de um modelo político fracassado e digno de um boletim de ocorrência na delegacia de polícia mais próxima.


Entre os nomes que estariam confirmados para integrar a próxima equipe ministerial, o mais acertado, por enquanto, é o de Henrique Meirelles para comandar a pasta da Fazenda. Se José Serra for confirmado no Itamaraty, o Brasil terá uma nova e positiva era na política externa, que na última década ficou baseada no alinhamento ideológico, ou seja, na esquerda bandoleira.

A preocupação surge quando Michel Temer começa a “nomear” investigados na Operação Lava-Jato para importantes cargos do primeiro escalão do governo. A presunção da inocência continua valendo no país, mas um governo que representa a mudança precisa ser e parecer honesto. O vice-presidente quer colocar Romero Jucá no Planejamento, um pastor licenciado na Ciência e Tecnologia, uma parlamentar desconhecida nos Direitos Humanos, o filho de um aliado político no Esporte, um amigo na Defesa, um ex-defensor de integrantes do PCC na Advocacia-Geral da União, além de entregar a pasta da Saúde, que tem o maior orçamento entre todos os ministérios, para um partido que tem 26 integrantes afundando na lama do Petrolão – sem contar a Agricultura e a presidência da Caixa Econômica Federal.

Por enquanto o eventual futuro presidente está preocupado com os próprios interesses e os dos partidos que prometem apoiá-lo, mas na verdade o interesse que deveria prevalecer é o da população. A se confirmar esse desenho da próxima equipe ministerial, não demorará muito para que de novo os brasileiros saiam às ruas para pedir o fim do ainda embrionário governo de Michel Temer, que terá pouco mais de dois anos para mostra a que veio.

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