Ministro da Transparência não resiste à pressão após gravações e é o segundo a deixar o governo Temer

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Em menos de vinte dias, o governo interino de Michel Temer, que tem condições para se tornar efetivo, contabiliza por enquanto duas exonerações. Para quem esperava mostrar algum resultado no folclórico centésimo dia, Temer está com problemas de sobra para administrar. Depois do despejo de Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento, pasta que o peemedebista não voltará a ocupar, nesta segunda-feira (30) foi a vez de Fabiano Silveira ser ejetado do Ministério da Transparência.

Pode parecer um enredo utópico, mas o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle não teve postura translúcida e muito menos agiu dentro do que se compreende por controle. Alvo de uma das muitas gravações realizadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e investigado na Operação Lava-Jato, com direito a acordo de delação premiada, Silveira criticou a operação que desmontou o Petrolão e orientou Renan Calheiros sobre como dificultar as investigações comandadas pelo Ministério Público Federal.

O presidente interino ouviu as explicações de Fabiano Silveira, mas, a exemplo do que aconteceu com Jucá, mantê-lo no cargo seria expor ainda mais um governo que, equivocadamente, vem sendo rotulado como ilegítimo. Michel Temer deu tempo para que o ministro tentasse se explicar diante da imprensa e junto à opinião pública, mas isso sequer aconteceu. A pressão exercida pelos servidores da extinta Controladoria-Geral da União (CGU), que deu lugar ao Ministério da Transparência, exigiu a saída de um ministro marcado pela opacidade de pensamento.

Na manhã desta segunda-feira, a cúpula do governo sugeriu ao interino Temer a manutenção do ministro no cargo, sob a desculpa de que seria perigoso demonstrar que o Palácio do Planalto cede a pressões. Essa avaliação é no mínimo equivocada, pois não se pode levar adiante um governo cujos integrantes colecionam problemas com a Justiça.


É fato que o Michel Temer chegou a ensaiar a formação de um ministério de notáveis, mas a falta de compromisso dos políticos obrigou-o a criar uma equipe predominada por parlamentares. Essa guinada na formação da equipe ministerial deveu-se à necessidade do governo de aprovar no Congresso matérias que consigam dar sobrevida à economia brasileira, mergulhada em profunda crise e recessão.

A desculpa usada para justificar a manutenção de Fabiano Silveira no cargo foi marcada pelo “non sense” e pela curta memória dos integrantes do núcleo duro do governo, pois o Palácio do Planalto cedeu, sem precisar, à pressão da classe artística e recriou o Ministério da Cultura, algo desnecessário para um país que tem tantos problemas a serem resolvidos antes da promoção da cultura, o que não deixaria de acontecer com o tema sob o comando de uma secretaria específica.

Temer errou ao não ter demitido Fabiano Silveira logo após ouvir as explicações do agora ex-ministro, mas precisa ser mais firme e autêntico nas decisões que toma no âmbito da equipe ministerial que ainda conta com políticos enrolados com a Justiça. A paciência da população com a classe política é tão e pequena atualmente, que qualquer manobra contra um governo que promete minimizar o caos provocaria uma reação considerável. Basta Michel Temer recorrer aos meios de comunicação e apontar os que se colocam contra os interesses da nação.

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