Operação Saqueador: autoridades estão perto de desvendar superfaturamento das obras do Pan 2007

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Na incansável usina de corrupção em que se transformou o Brasil, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão prestes a desvendar o superfaturamento das obras dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007), cujo orçamento inicial era de R$ 386 milhões que ao final beirou R$ 5 bilhões. Esse enigma criminoso pode ser esclarecido na esteira da Operação Saqueador, deflagrada nesta quinta-feira (30) e que mandou à prisão o contraventor e empresário (sic) Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira; Adir Assad, condenado 9 anos e 10 meses de prisão na Operação Lava-Jato; e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções.

A PF ainda procura o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, que segundo informações encontra-se em viagem ao exterior, e Marcelo José Abbud. Cavendish é acusado de participar de um esquema criminoso que, a partir de obras públicas superfaturadas, desviou R$ 370 milhões. Fernando Cavendish está na Europa desde o último dia 22 e a Interpol poderá ser acionada para localizá-lo.

A Delta foi responsável pelas obras do Parque Aquático Maria Lenk, utilizado nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e que será palco de competições olímpicas de salto ornamental. Com essa investigação, pelo menos dois políticos conhecidos foram arrastados para o olho do furacão, mesmo que ainda não incomodados pelas autoridades: Sérgio Cabral Filho, ex-governador do Rio, e Eduardo Paes, prefeito da capital fluminense.


De acordo com o MPF, entre 2007 e 2012 a empreiteira recebeu R$ 11 bilhões por meio de contratos públicos, em especial no âmbito do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), o que representa quase 100% do faturamento da empresa. Desse total, ao menos R$ 370 milhões foram desviados e “lavados” por meio de pagamentos a 18 empresas de fachada criadas pelos chamados operadores do esquema, sendo que o principal deles é Carlinhos Cachoeira.

Ainda segundo o MPF, foi identificado um “aumento significativo” das transferências da Delta para empresas de fachada em anos de eleição. Parte dos recursos era sacada em espécie para o pagamento de propina a agentes públicos, cujos nomes ainda não foram revelados.

Integrante da força-tarefa da Operação Saqueador, o procurador da República Leandro Metidieri detalhou a extensão dos crimes cometidos pela quadrilha. “Em cada uma das obras que conseguimos identificar, a Delta obteve alguma vantagem. No caso do parque Maria Lenk houve uma dispensa indevida de licitação. Há casos em que as obras sequer foram feitas”, afirmou o representante do MPF.

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