Crise econômica: Brasil é o último em ranking de criação de emprego da OCDE

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De acordo com informações divulgadas na quinta-feira (7), em razão da crise econômica o Brasil deve ter, em 2016, o pior desempenho na criação de empregos na comparação com outros 43 países. O estudo foi realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

De acordo com o relatório, o país deve registrar um saldo negativo de empregos (quando as demissões superam as contratações) de 1,6% neste ano, enquanto nos países da OCDE a previsão é de crescimento de 1,5% dos postos de trabalho neste ano.

Nas projeções da Organização, apenas quatro outros países, além do Brasil, terão saldo negativo de empregos neste ano, com quedas bem menores, que vão de apenas -0,1%, como a Finlândia, a -0,9%, no caso da Costa Rica.

O estudo ainda afirma que para o ano que vem, a situação no Brasil deve melhorar, com previsão de crescimento de 0,7% do emprego.

A pesquisa, intitulada “Perspectivas do Emprego 2016”, leva em conta os dados dos 35 países membros da organização (a Letônia aderiu ao grupo em junho) e de nove outras economias, como Brasil e China.

Em junho, a OCDE já havia estimado, em outro estudo, que o Brasil deverá sofrer este ano a maior queda do PIB entre as 44 economias analisadas, com recuo de 4,3%, e atribuiu a “recessão profunda”, que deve durar no país até 2017, ao “contexto de grande incerteza política” e também aos casos de corrupção que abalam a confiança de consumidores e investidores.

A OCDE também prevê que a taxa de desemprego no Brasil deverá atingir 11,3% neste ano contra 8,5% em 2015.

Apesar da crise, as taxas de desemprego no Brasil permanecem bem mais baixas do que as previstas em 2016 para países como a Grécia (23,9%), Espanha (19,3%) ou a África do Sul, onde o índice estimado é de 26,5%.

O estudo afirma que a situação do mercado de trabalho continua melhorando nos países da OCDE após a crise internacional dos últimos anos, “mas de maneira lenta e dolorosa” em inúmeros países que integram a organização.


A organização destaca que isso se deve ao fato de que a economia mundial está “colada em um crescimento tímido caracterizado por um baixo nível de investimento, ganhos anêmicos de produtividade e poucas criações de empregos, além de uma estagnação dos salários”.

Contudo, os salários não têm acompanhado a evolução dos níveis de emprego. A OCDE ressalta que em muitos casos os ganhos são, em média, pelo menos 5% inferiores aos patamares que deveriam ter atingido se o crescimento econômico dos anos 2000 a 2007 tivesse se mantido.

“São numerosos os trabalhadores que arrumaram emprego após a recessão, mas o crescimento dos salários permanece moroso e o stress no trabalho afeta inúmeras pessoas”, afirma o estudo, acrescentando que poderá ser difícil recuperar esse atraso nos valores.

A pesquisa ainda prevê que a taxa de emprego nos países da OCDE deverá, em 2017, voltar ao nível registrado antes da crise financeira mundial.

O déficit de empregos nos países membros, que chegou a ser, no início de 2010, de mais de 20 milhões de postos de trabalho perdidos, caiu para 5,6 milhões em 2015.

Para a OCDE, esse déficit de empregos será “totalmente absorvido” ao longo do ano que vem. “É evidentemente uma boa notícia, mas o fato de que a recessão pesou sobre o emprego durante cerca de dez anos atesta a severidade da crise e o preço que os trabalhadores tiveram de pagar”, ressalta o relatório.

O documento também alerta para o caso dos jovens com baixa qualificação que saíram do sistema escolar e do mercado de trabalho e que correm o risco de “serem definitivamente deixados de lado” na sociedade.

Em 2015, 15% dos jovens de 15 a 29 anos se enquadravam nessa categoria nos países da OCDE, o que representa um leve aumento em relação aos níveis que existiam em 2007, antes da crise mundial.

A OCDE alerta para a urgência em colocar em ação políticas nacionais e internacionais para estimular o crescimento e colocá-lo em uma trajetória durável.

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