Para salvar a candidatura de João Doria, parte do PSDB paulista aposta em Bruno Covas como vice

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Política é feita de apostas, mas o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, poderá não colher os frutos daquilo que vem plantando equivocadamente. Ao bancar a candidatura do empresário João Doria Jr. à prefeitura da capital paulista, o governador arrumou muitos problemas no ninho tucano, mas a trajetória do pré-candidato continua não empolgando, pelo menos por enquanto.

Por outro lado, Alckmin, ao endossar o ousado plano político de Doria, manteve aberta a porta para angariar recursos caso venha a se candidatar à Presidência da República em 2018. Afinal, João Doria tem muito bom trânsito no empresariado nacional. O tucanato está rachado em relação à sucessão presidencial, mas Geraldo Alckmin poderá mudar de partido se não tiver espaço dentro do PSDB.

No contraponto, a desidratação política da candidatura de João Doria exigiu a escolha de um candidato a vice com história dentro da legenda. O escolhido é o deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP), neto do ex-governador Mario Covas. A opção por Bruno é uma estratégia para pacificar o partido e tentar aglutinar próceres tucanos em torno da candidatura de Dória, que terá sérias dificuldades para decolar.

Em outro vértice da candidatura, Alckmin e Doria continuam negociando apoio de outras legendas, o que pode levar a candidatura tucana à prefeitura paulistana a ter pelo menos dez partidos na base de apoio (PSB, PMB, PHS, PV, PPS, PP, DEM, PRP, PTC e PTdoB). Com esse cenário que mais parece uma colcha de retalhos políticos, o mais lógico seria escolher um candidato a vice entre as legendas que já declararam apoio a Doria, mas a tese da chapa “puro-sangue” prevaleceu por questões internas do tucanato.


Para compensar o apoio desses partidos à candidatura de João Doria, o governador paulista está sendo célere na contrapartida: tem loteado o governo do mais importante estado da federação para acomodar os indicados das tais legendas. E nessa hora pesa o tempo de televisão a que cada partido tem direito.

Na última segunda-feira (18), após Doria anunciar o apoio de mais dois partidos – PRP e PTdoB – Geraldo Alckmin deu posse a um indicado do PP na Secretaria do Meio Ambiente. Esse jogo de interesses faz parte da política, apesar de o PSDB ter condenado tal prática no caso dos governos Lula e Dilma, mas o perigo mora na possibilidade de o governador paulista não cumprir o combinado. O que não é difícil.

A candidatura de João Doria é tão pouco empolgante, que Alckmin, prevendo um possível esvaziamento da convenção do partido que oficializará o nome do empresário como candidato à prefeitura de São Paulo, no próximo domingo (24), convocou quatro governadores tucanos para o evento: Beto Richa (PR), Marconi Perillo (GO), Pedro Taques (MT) e Reinaldo Azambuja (MS). Como se isso pudesse impulsionar a candidatura que foi rechaçada por muitos caciques tucanos. Ademais, acreditar que Beto Richa tem algo a acrescentar é algo típico de quem não conhece a política além dos próprios domínios.

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