Presidente da Câmara afirma que descontará salário de deputados faltosos, mas discurso não convence

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Nesta quarta-feira (20), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que aplicará descontos nos salários dos parlamentares que não comparecerem para votar em agosto. “É óbvio, pauta marcada, deputado tem de estar presente. Em qualquer trabalho é assim. Se você marcou uma data para que os deputados estejam aqui para votar, é importante que todos votem”, destacou.

O democrata marcou sessões de segunda a quarta-feira na primeira semana de agosto, como forma de permitir que os políticos acompanhem as provas da Olimpíada do Rio de Janeiro. O mesmo modelo deve ser estendido aos meses seguintes, permitindo que os deputados participem direta ou indiretamente das campanhas visando às eleições municipais de outubro próximo. Contudo, Maia reconheceu que em setembro, devido à proximidade das eleições, será mais difícil fazer três sessões semanais.

O Brasil vive a pior e mais grave crise de sua história, ao mesmo tempo em que a classe política enfrenta um descrédito inusitado, mas há quem se preocupe com questões menores como os Jogos Olímpicos. O parlamentar que desejar participar das eleições deve seguir o Regimento Interno da Casa e licenciar-se do mandato por 121 dias, sem direito a salário. Trata-se de um escárnio financiar políticos que deixam de trabalhar para cuidar de interesses paroquiais.

A declaração do presidente da Câmara deve-se à preocupação dos líderes partidários com o quórum na volta do recesso. Em ano eleitoral, tradicionalmente os meses de agosto e setembro costumam ter baixa frequência parlamentar. Entretanto, este ano há uma série de propostas de interesse do governo e a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na agenda.


Para votar a perda do mandato do peemedebista é preciso um quórum alto, de pelo menos 420 parlamentares na Casa, já que são necessários 257 votos para cassá-lo.

Enquanto líderes do chamado “Centrão” – PP, PR, PTB, entre outros – têm dúvidas de que haverá presença suficiente para votar a cassação em agosto, a antiga oposição ao governo Dilma Rousseff (PSDB, DEM, PPS e PSB) diz que fará um esforço para trazer toda sua bancada a Brasília no próximo mês.

Maia também afirmou que sua preocupação é colocar em votação matérias relevantes, principalmente as relacionadas à área econômica. Na terça-feira (19), o novo presidente da Câmara participou de jantar com o presidente em exercício Michel Temer e com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para sintonizar a agenda legislativa.

Na manhã desta quarta, o parlamentar ressaltou que é preciso trabalhar junto para superar a crise econômica. “Está na hora do Parlamento, junto com o Executivo e até com o Judiciário, todo mundo colaborar, gerar consenso”, frisou.

Rodrigo Maia pode dizer o que quiser, mas sua postura como comandante da Câmara deixa a desejar. Sem contar que para chegar ao cargo precisou se comprometer com a esquerda caviar, como PT e PCdoB, que já começaram a ser atendidos em pleitos nada republicanos.

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