COI inclui cinco novos esportes para a próxima Olimpíada; jogos terão mais manobras radicais

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Depois de assembleia realizada na última quarta-feira (3), o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou a inclusão de cinco novos esportes ao programa dos Jogos de Tóquio 2020: surfe, skate, escalada artificial, caratê e beisebol.

A decisão, que antes mesmo de ser anunciada provocou debate na comunidade olímpica, ainda precisará ser discutida com mais profundidade, apesar de a entidade prometer que não terá impacto imediato no número de atletas e modalidades atualmente participando dos Jogos. Contudo, reforça a tendência do comitê de buscar o aumento do apelo da Olimpíada para o público mais jovem.

O COI classificou esta decisão como a “maior evolução do programa olímpico na história moderna”.

Vinte e seis esportes manifestaram o desejo de participar do programa olímpico em Tóquio e fizeram parte de um processo seletivo que levou em conta não apenas a missão do COI de rejuvenescer a audiência da Olimpíada, mas também os interesses comerciais dos anfitriões japoneses.

O skate, o surfe e a escalada artificial são modalidades ligadas ao público mais jovem, sendo que os dois primeiros são a ponta de lança da indústria dos esportes radicais. O caratê é uma arte marcial inventada no Japão e o beisebol, apesar de um esporte tipicamente americano, tem grande popularidade no país asiático.

O comitê organizador de Tóquio 2020 aproveitou-se de uma nova regra que permite às cidades-sedes proporem a inclusão de esportes em sua própria competição. Com a exceção do beisebol, que esteve no programa olímpico até 2008, os esportes serão estreantes.

Ao anunciar a inclusão do quinteto, o COI afirmou que não haverá cortes nem de modalidades nem de pessoal, o que é boa notícia para os 28 esportes e 10.500 atletas que atualmente participam dos Jogos.


O pentatlo moderno, que estava ameaçado nos próximos Jogos, por exemplo, não foi excluído de Tóquio 2020 na reunião do COI. Entretanto, dirigentes de algumas modalidades devem ficar preocupados, ainda mais se a participação supostamente provisória das novas modalidades agradar ao COI.

Nos últimos anos, não só o pentatlo moderno, como também a luta olímpica e o taekwondo, se viram ameaçados de perder a vaga no programa – a luta chegou a ser excluída em 2013, mas conseguiu uma sobrevida diante de reformas. A princípio, 33 esportes e 11 atletas deverão participar da próxima Olimpíada.

A inclusão de novos esportes poderá aumentar as críticas da corrente que se opõe ao gigantismo dos Jogos Olímpicos. O Comitê Organizador da Tóquio 2020 já admitiu que a entrada das modalidades colocará pressão sobre o orçamento da competição, ainda que a proposta de inclusão tenha deixado claro o uso de instalações temporárias ou já existentes. No mais, ao aprovar a entrada desses esportes, o Comitê está se fiando na presença de suas maiores estrelas.

Se isso não parece ser o maior dos problemas no caso das modalidades mais radicais e o caratê, a negociação no beisebol pode ser mais difícil: ainda não há garantias de que os clubes da Liga Profissional Americana – a MLB, onde estão os grandes ídolos desse esporte – autorizará a presença de seus jogadores em suas respectivas seleções nacionais. E isso seria crucial para atrair o interesse de público e mídia.

No início de julho, a revista americana “Surfer” ouviu um painel de nove pessoas, incluindo atletas, para discutir a possível inclusão do esporte na Olimpíada. Quatro votaram a favor, quatro contra e houve uma abstenção.

Milhares de fãs de skate assinaram uma petição enviada ao presidente do COI, o alemão Thomas Bach, pedindo que o esporte não fosse aceito nos Jogos Olímpicos.

Tanto o surfe quanto o skate têm uma tradição rebelde e anti establishment, e alguns especialistas no esporte afirmam que seu apelo televisivo para o público em geral não é grande. Mas as federações dos esportes apoiam a entrada na Olimpíada, de olho em uma oportunidade espetacular de exposição.

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