Comissão do Impeachment: Kátia Abreu dá show de incoerência ao defender Dilma

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Nesta quinta-feira (4), na sessão da Comissão Especial do Impeachment destinada à votação do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), a vedete da vez foi a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura no governo da agora “companheira” Dilma.

Mesmo com votação eletrônica, os membros da Comissão conseguiram com o presidente do colegiado, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), o direito de fazer um apanhado de cada voto. Kátia Abreu, em tom colérico e estridente, tomou o microfone para criticar o presidente em exercício Michel Temer, presidente licenciado do PMDB.

Como se o plenário da Comissão não merecesse postura minimamente digna, mesmo com a discordância da senadora em relação ao relatório, Kátia Abreu, em sua ruidosa intervenção, criticou o PMDB, que, segundo ela, lutou para fazer parte do segundo governo de Dilma Rousseff, mas agora considera a administração petista péssima.

Em sua fala, a senadora do Tocantins não poupou os colegas de Parlamento e colocou em xeque a honestidade de muitos – quiçá de todos – ao afirmar: “Senhor presidente, eu tenho evitado falar nesse assunto em respeito a todos nós, em respeito aos partidos que estão nessa Casa, que pode ter gente ruim, mas tem muita gente boa em todos os partidos. Mas quem é que pode aqui dizer de corrupção com a cabeça erguida? Porque o Mensalão, o Petrolão não é de um partido só. Estão todos atolado (sic) até o pescoço ou acima do nariz. Muitos estão presos e outros sendo investigados.”

“A Petrobras, dizer que presidente Dilma usou e acabou com a Petrobras para se reeleger, eu quero lembrar ao País que o PMDB, do presidente Michel Temer, que também é o meu presidente, foi vice-presidente da Dilma quatro anos. E se o governo era tão ruim assim, podia ter recusado ser vice-presidente novamente. Mas lutou como um louco, com a minha ajuda, com o meu voto, para ser de novo vice-presidente da presidente Dilma. E apenas um ano depois de assentado como vice-presidente o PMDB achou que esse governo não presta mais”, continuou a parlamentar.


Quase ao final de uma rápida intervenção que durou quase sete minutos, Kátia Abreu emendou: “Quem é que pode falar aqui de corrupção, de responsabilidade, de ética, senhor presidente? Faça-me o favor, vamos fazer um mea culpa.”

Em relação a essa fala estridente é preciso fazer algumas considerações. Kátia Abreu não tem um grama de moral para ser a musa da moralidade na Comissão Especial do Impeachment. Se ela cobra um mea culpa e diz que “ninguém pode falar de corrupção de cabeça erguida”, mesmo depois de sugerir que “tem gente boa em todos os partidos”, há algo errado nesse discurso. Ou Kátia Abreu estava ensaiando uma cena teatral e se perdeu no texto, ou resolveu fazer um harikiri político.

Em relação ao fato de Michel Temer ter concluído que “esse governo não presta mais”, Kátia Abreu não é a pessoa mais recomendada para dar lições de coerência. Para quem não se recorda, Kátia, enquanto filiada ao PFL e ao Democratas (o segundo sucedeu o primeiro), sempre se apresentou como ácida e contumaz crítica dos governos petistas. Em 2007, a senadora foi escolhida como relatora do projeto que extinguiu a malfadada CPMF.

Naquele ano, a bordo de barulhento discurso na tribuna do plenário do Senado, Kátia Abreu não poupou o governo do então presidente Lula e acionou sua pesada verborragia na direção do PT, que hoje defende sem qualquer pudor.

Pois bem, se Kátia Abreu pode mudar de ideia e passar das duras críticas ao PT à idolatria apaixonada e oportunista em relação a Dilma, Michel Temer, que “lutou como louco para ser vice”, tem o direito de, em dado momento, “achar que esse governo não presta mais”.

Ou será que Kátia foi picada pela mosca bolivariana e agora é adepta da teoria de que “o pau que bate em Chico, não bate em Francisco”? Em suma, mesmo dentro da sua mediocridade oportunista, Kátia Abreu já viveu momentos melhores.

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