Para se ajustar à grave e recessiva crise econômica, varejo brasileiro corta vagas de emprego

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De acordo com consultores, a grave crise que chacoalha a economia brasileira, iniciada no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, provocou um ajuste mais acentuado no emprego do que no número de lojas entre as maiores varejistas. Isso significa que as empresas estão aproveitando o momento para buscar aumento de produtividade do trabalhador. O objetivo das companhias é estarem mais enxutas quando o mercado de consumo voltar a crescer.

O ranking da Sociedade Brasileira de Varejo de Consumo (SBVC) aponta que, em 2015, das 300 maiores empresas do setor, 88 reduziram o número de funcionários. Em outro vértice do varejo, um grupo menor, formado por 31 varejistas, diminuiu o número de lojas.

Apesar do enxugamento feito por esses dois grupos, a SBVC constatou que, juntas, as 245 companhias, que informaram dados de pessoal e lojas nos rankings de 2014 e 2015, aumentaram, em média, 5,85% o número de pontos de venda no período e tiveram um acréscimo, menor, de 1,35%, em média, no total de empregados.

Eduardo Terra, presidente da entidade, ressaltou que apesar dos cortes feitos pelos dois grupos – o que demitiu e o que fechou loja –, na média houve uma expansão do emprego e dos pontos de venda entre as 245 maiores varejistas do Brasil, com um aumento no total de lojas comparado com o crescimento do número de funcionários.

Ele ainda explicou que essa expansão média entre as 245 empresas foi sustentada por farmácias e supermercados, dois segmentos que são mais resistentes à crise porque vendem produtos essenciais. “Mais de 50% das lojas abertas em 2015 são farmácias”. O que permite pensar que o Brasil adoece com mais velocidade.

Contudo, Terra ponderou que os dados revelados pelo ranking de que houve uma pequena expansão no saldo de lojas no ano passado não se contrapõe ao recente estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) que mostrou que 99 mil lojas deixaram de funcionar em 2015.


O executivo da entidade argumentou que o estudo da CNC inclui todas as empresas do varejo, especialmente as pequenas e médias, que foram as mais afetadas pela crise.

O ranking da SBVC avalia as 300 grandes varejistas em faturamento que, teoricamente por serem de maior porte, foram menos abaladas pela recessão.

Segundo Alberto Serrentino, sócio-diretor da consultoria de varejo Varese, o aumento de produtividade nas empresas de varejo por conta do ajuste no emprego e fechamento de lojas deficitárias é o legado positivo da crise que será mais visível quando a economia voltar a crescer. Ele discorda da visão de que o varejo está retrocedendo. “É o oposto: está ocorrendo é um salto de produtividade”, destacou.

“Atualmente, as grandes redes varejistas estão enxugando custos, cortando funcionários e fechando lojas deficitárias, o que dificilmente fariam se o mercado estivesse favorável”, disse Serrentino. “Isso, vai tornar as empresas mais saudáveis”, continuou.

Conforme a SBVC, o ajuste de pessoal que ocorreu no ano passado entre as 88 grandes companhias resultou em 58,3 mil demissões. Afetadas pelo aperto no crédito, as lojas de eletroeletrônicos e móveis foram as que mais cortaram. Juntas dispensaram 18.143 trabalhadores.

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